supertições e medos, que bem funcionavam como
freio para as peraltices,que eram muitas.
A
estrada se abria a minha frente...
Embrenhei
pela alameda de imensas arvores que as copas se encontravam em forma de imenso
túnel, com raríssima passagem de raios solares, isto logo após uma chuva de
verão. Estrada de terra que exalava aquele cheirinho bom, que muito lembrava as
viagens para a casa da avó. No meio daquela abundancia verde predominava o
frescor. Sentia atraído como imã era a vontade de querer ver onde a estrada
iria dar. Quanto mais andava mais sentia atraído e embriagado pelo cheiro de
mato.
Ao longe um clarão sinalizava
o fim desta estrada comprida. Em alguns trechos os raios solares irrompiam a
folhagem, criando um visual fantástico. Era lindo tudo, mas eu morria de medo.
As arvores eram silenciosas testemunhas de minha emoção. Às vezes eu olhava
para trás e nada alem de arvores, apenas alguns gorjeios de pássaros e sons não
identificados de outros espécimes. Por entre arvores podia se ver um imenso
campo verde com raros arbustos onde vários animais pastavam tranquilamente.
Caminhar era preciso e segui
a assoviar em meio àquela solidão, quando percebi, que estava sendo imitado ou seria
apenas o eco de meu assovio na solidão de meu medo. O medo falava por mim. Em
certo trecho de folhagem escassa vi o rastro de um arco-íris num belo espetáculo
de sete cores. À minha direita ele se debruçava no campo, mergulhando numa
lagoa. Dizem que nesta lagoa teria um tesouro num pote de ouro. E me perdi em lembrança
da infância interiorana das Minas Gerais com suas crendices e supertições, que
afirmavam ser perigoso passar debaixo de um arco-íris, pois trocaria de sexo.
Aí eu morria de medo e não desafiava.
Mas a curiosidade de criança
é fogo ardente. Como não ver o fim desta estrada? Assim rompi com todas as
crendices e supertições e decididamente avancei com passos largos e quando
estava quase debaixo daquele lindo facho multicolorido, senti uma mão fria, que
me puxou fortemente pelo braço. Tomado de um susto terrível, vi minha mãe com braços
molhados de lavar roupas a me chamar para ir à escola. Eu estava molhado e o
colchão também e não descobri a verdade sobre os arco-íris, nem da estrada. Era
apenas um sonho.
Agora este colchão de capim
colocado sob o sol no quintal, vem me alertar que menino que brinca com brasas e
tição da fogueira de São João faz xixi na cama.
Toninho.
13/06/2012.
Informação:
Imagem:
alameda de plátanos (flickr)
Inspirado na imagem
que ilustrava o texto “Acertando o passo” de nossa querida amiga Calu do blog: sugiro conhecer no link abaixo.
http://fractaisdecalu.blogspot.com.br/
rsssssss....E esse menino que se achava grande, capaz de ir até o fim da estrada e desafiar tradições era apenas um menininho ainda... Lino!! Rela!! Adorei! abração,lindo domingo!chica
ResponderExcluirVim só para apreciar sua obra e dizer que este garotinho é exemplo!
ResponderExcluirParabéns pela inspiração.
Forte abraço.
Ótima noite de sábado. Ótimo restinho de final de semana.
Tatiane Salles.
http://tatian-esalles.blogspot.com.br/
Att.
Olá Toninho!
ResponderExcluirSeu belo e bem escrito texto abriu-me um largo sorriso de puro prazer de lembrar minha própria infância cheia de lindas recordações..
Sou carioca por acidente, minha família é de Minas Gerais e cada vez que entro aqui tenho a sensação de adentrar em solo familiar.
Minha avó sempre contava casos parecidos e ela própria era muito supersticiosa.
Obrigada por sempre nos proporcionar momentos de raro prazer e indispensáveis em tempos caóticos quando nos falta pessoas com valores elevados para escreverem textos relevantes.
Abraços da sempre admiradora e amiga!
aqui é pra se ficar por muito tempo, deliciar-se nas palavras , saborear as histórias as rimas e brindar a um mundo que existe e poucos tem o prazer de conhecer ou de se permitir vivenciar.Hoje encontrei pessoas que são coração e você é uma delas !Estou muito feliz pelas palavras de incentivo e carinho a mim dirigidas em sua visita ao meu Blog.Retribuo em dobro pela beleza de seus escritos e sua sensibilidade em compartilhar a todos que buscam alento, paz...amor e um gole de café na beira de um fogão a lenha com pão de queijo,em tão boa companhia, uai ! Lindo Toninho.Felicidades !
ResponderExcluiraqui é pra se ficar por muito tempo, deliciar-se nas palavras , saborear as histórias as rimas e brindar a um mundo que existe e poucos tem o prazer de conhecer ou de se permitir vivenciar.Hoje encontrei pessoas que são coração e você é uma delas !Estou muito feliz pelas palavras de incentivo e carinho a mim dirigidas em sua visita ao meu Blog.Retribuo em dobro pela beleza de seus escritos e sua sensibilidade em compartilhar a todos que buscam alento, paz...amor e um gole de café na beira de um fogão a lenha com pão de queijo,em tão boa companhia, uai ! Lindo Toninho.Felicidades !
ResponderExcluirEi Toninho
ResponderExcluirA música do blog é muito linda.
Sabe que eu também sinto uma atração muito grande quando vejo uma estrada, gostaria de me embrenhar por ela e ver até onde me levaria; assim como no seu sonho.
Boa noite.
Boa noite, querido amigo Toninho.
ResponderExcluirQue maravilha!!
Viajei...
Vivi essas crendices todas. Você tem razão, é um freio. Hoje em dia, o que mais falta é freio.
Desejo-lhe uma semana linda de paz.
Beijos.
(Muito obrigada pelo seu carinho. Eu estou bem).
Fique com Deus.
pior é quando vai morder uma maçã e acordar... rsrs bela história, poeta... bjuuu
ResponderExcluirCaminhava só
ResponderExcluirNa ânsia de encontrar o pote
No fim do arco-íris
Um facho dourado eu vi
E minha mãe me despertou
Era só sonho
Caro Toninho
estava ausente porque só agora consegui
retornar à configuração anterior.
Um bom domingo
Um abraço.
Tão curiosa quanto este menino, fui acompanhando sua peraltice, mas fiquei suspensa no sonho. Rs,rs,
ResponderExcluirBom domingo.
bjs
Toninho,
ResponderExcluirTambém já fiz muito isto como este menininho.
Seguia as cores do arco-iris, em sonho claro, porque diziam-me que ao final dele tinha um pote de ouro.
Até hoje, acordada quando vejo um, sempre penso a mesma coisa.
Seu texto tão lindo me emocionou e ainda por cima com esta música ao fundo. adorei!
beijos cariocas
toninho,
ResponderExcluirEssas estórias se repetem por cada canto do nosso Brasil. Tinha a mesma curiosidade, mas quando me lembrava da transformação, morria de medo e não avançava o sinal.São crendices que invadem o imaginário da criança e as fazem sonhar. Muito bem escrito o texto, levando-nos a "viver" a situação. Parabéns!
Estive fora face à inoperância na internet.
Abração.
Um texto tão rico em lembranças lindas e saudosas que me vi perdida nas minhas também! Eu também como você tive medo de tudo na infância. Tive medo até dos formatos estranhos que as nuvens nos presenteavam no céu...Gostei muito! Tenha um lindo domingo! Beijo.
ResponderExcluirIvany
Oi Toninho!
ResponderExcluirrsss
Maravilha!
O universo infantil é mágico mesmo e é inspirador. Quando a curiosidade é atiçada até em sonhos ela pode ser frustrada, ah, que chato!rsss
Abração e uma ótima semana!
Bom domingo amigo!
ResponderExcluirKkkkkkkkk... pura magia. Tempo bom!!!
Vi seu comentário nos vídeos do São João da escola. Obrigada Toninho!!
Estou em período de descanso. Professor precisa mesmo de recesso. Estou arrumando as malas. Vou de férias p Minas e volto em julho se Deus quiser.
Beijoa amigo!!
Apesar das crendices, era tudo tão mais puro e tão melhor...Sinto saudades da liberdade , de poder correr pelo mato e brincar com diversas crianças, sinto falta até de quando meus pais me enchiam de medo, pra me segurarem dentro de casa...Bons tempos. Bjos achocolatados
ResponderExcluirLindo sonho amigo, realmente qualquer criança iria querer ver o fim desta estrada! Abraçooos e bom domingo!
ResponderExcluirRecadinho aos amigos:
A partir de amanhã meu blog sairá do ar por 2 ou 3 dias p repaginada, não será possível fazer visitas nesse período! volto no fim da semana! Abraçosss
Toninho, meu amigo. Enquanto passeava pelo texto, tive vários momentos de emoção.
ResponderExcluirSou um amante do campo, da vida mais tranquila e salutar, e a alameda me deu uma nostalgia sem igual. Conheci várias dessas estradinhas, e que eram tão fechadas pelas árvores, que realmente chegava a dar um pequeno nó na garganta dependendo da hora em que trafegava por elas. E hoje, dá uma saudade imensa dessa tranquilidade interiorana.
Depois, tive que rir do arco-íris e das crendices que nos impunham antigamente. Escutei muito sobre essa história de mudar de sexo ao passar por baixo do arco colorido. Deus do Céu, fazia tempo que não escutava mais isso.
E, por fim, o colchão molhado, por brincar com brasas e tição. KKK. Sofri com isso também.
Que maravilha essa visita aqui, hoje. Quanta emoção me trouxe. Adorei, Toninho. Fantástico.
Grande abraço, meu amigo.
Marcio
Meu amigo, a melhor coisa da vida é quando vivemos em sua plenitude nossa infância.
ResponderExcluirE toda infância tem suas histórias, ora boas ora ruins.
Essa foi de tirar o folego.
Um abraço e uma boa semana.
Que esse menino nunca abandone seus sonhos, meu amigo.(sem xixi, claro, hahaha!).
ResponderExcluirAgora, falando sério, que o menino todas as vezes que reencontrar o homem possa reproduzir seus sonhos, que possa dar asas à imaginação , pois é dela que brotam as mais belas historias, poemas,palavras e o mundo pode ser como um arco iris para a grande maioria dos humanos.
Delícia de texto, amigo, fez-me recordar o bosque do Zé Sérgio e das grutas que explorávamos pela estrada do Girau.
Ótima semana. paz e bem.
Que maravilha de texto, Toninho!
ResponderExcluirPassando para te desejar uma excelente semana.
ResponderExcluirAbração.
Amigo Toninho,
ResponderExcluirenfim cheguei a tempo de agradecer tão delicada anotação ao fractais e desfrutar deste conto que vc descreve lindamente acerca dos medos e ousadias da infância.Caminhei contigo, com o coração suspenso a cada ruído, mas com passos firmes ante o desconhecido e me encantando com esta alameda maravilhosa.
È nos sonhos que traçamos nossos projetos.
Obrigada por tuas gentilezas e por teus escritos.
Paz e bem!
Bjos,
Calu
Querido Amigo ..
ResponderExcluirEstive aqui no seu blog e levei um poema seu para minha postagem.
estava com saudades de ver você junto comigo.
Uma linda tarde feliz semana beijos.
Evanir..
Essas peraltices eram tão inocentes comparadas com as de hoje!...
ResponderExcluirVocê é demais!!!... escrevendo poesia ou prosa... sempre muito lindo!
Beijos de Itabira.
❤♡
Toninho meu amigo, boa noite!
ResponderExcluirEntro aqui de relâmpago (já bem tarde da noite) para dar uma espiada nas suas novidades e te saudar após esta minha ausência.
Vejo que tens postado aqui vários textos, os quais não tive o prazer de ler na minha ausência.
Ainda não li nenhum deles, por isto este comentário aqui não é relevante aos textos.
Como já falei, neste momento venho aqui só lhe saudar e deixar-lhe saber que minha ausência é por razão da falta de possibilidade. Voltarei!
Linda noite Toninho!
Meu carinho de sempre.
Ange.
P.S. Obrigada por suas sempre amáveis palavras deixadas fielmente lá na minha página nesta minha ausência,
Não tive uma infância campestre. Sempre morei na capital. Se bem, que em tempos bem mais amenos.
ResponderExcluirMas, algumas vezes tive a oportunidade de ir para cidades do interior. Aí, as peraltices, mesmo de menina, vinham à tona.
Nessas festa juninas, os quintais das casas, eram o cenário, para as fogueiras e brincadeiras.
Ah! as crendices, quantas me cercaram!
Neste cenário real, também tinha meus sonhos sonhados, nessa imaginação que só a infância tem. Minha citadina mente voava, como um passarinho...Bom, lembrar agora!
Um abraço, amigo,
da Lúcia
Olá Toninho,
ResponderExcluirEu sempre adorei o campo, e sempre que posso vou pro sitio de minha irmã, achei até engraçado, mais passo por uma estrada bem parecida com essa quando vou pro interior.
Essas crendices e supertições freia mesmo a peraltice na infância. Essa do arco-iris é muito engraçada.
As Lembranças da infância é uma coisa que sempre carregando na nossa mochila.São recordações que nós da muita saudade.
Adorei amigo seu relato.
Beijos e ótima semana!
Oi Toninho,
ResponderExcluirTambém tive uma infância coroada de crendices e medo.
Fiz uma viagem maravilhoso nesse sonho e cheguei a sentir o cheiro da terra molhada.
Você discorre lindamente.
É sempre um prazer lê-lo.
Grande abraço.
Olá, Toninho!
ResponderExcluirQue sonho lindo! Sabe que a estrada para o sítio onde morava a minha avó também era assim? Havia árvores dos dois lados, formando um túnel escuro, mas lindo, e lá no fim, um riachinho de águas salgadas, que eu amava atravessar.
Pena que você não descobriu o segredo do arco-íris, né? rsrs
É gostoso demais lembrar das aventuras da infância, e elas sempre nos retornam, em forma de sonhos. Adorei.
Grande abraço
Socorro Melo
Nós éramos uns anjinhos chamados de arteiros. kkkkkkkkk
ResponderExcluirBeijocas, amigão!