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Sentimento de Perdas e o tempo.
Por muitas vezes tentei entender o fim das relações. E assim alimentava a certeza que a causa estava no processo desgastante do tempo. Uma corrente cria e afirmava ser uma crise normal do tempo. Onde as pessoas estariam expostas, sendo preciso toda sorte e cumplicidade aliada a uma cooperação, para sobreviverem a esta fase da vida afetiva. Mas como poderia ser o tempo o grande vilão e responsável? Se sempre nos ensinaram como máxima, que é o próprio tempo que nos amadurece e nos torna mais experientes?
É este mesmo tempo, que nos faz aprender e a repensar.
Sempre cri na expressão de dar tempo ao tempo, para amenizar minhas mazelas e ou minhas aflições. O mesmo sempre atendeu minhas suplicas nos momentos de angústia concedendo-me as realizações dos desejos. Foi com ele, que aprendi a aceitar o sofrimento pelas mortes, com as perdas que me rodeavam num verdadeiro processo vendaval de eliminação das pessoas, que mais amava e queria juntas de mim, em meus momentos de alegrias e tristezas. Elas eram retiradas como frutas amadurecidas de uma frutífera árvore e assim passei a entender que frutos maduros também apodrecem quando não colhidos. Aprendi a assimilar a morte como um fruto, que não mais pode ficar na arvore e a dor da perda tornou-se aceitável ainda que maltratasse. Coisa da mania de achar, que podemos eternizar ao nosso lado as pessoas como uma propriedade.
Mas a pior perda em forma de morte é ter que enfrentar a estúpida e inaceitável inversão da partida, este parto ao contrario, como dessas mães que enterram seus filhos em plena juventude, no ápice de seus sonhos dourados, contrariando nossa lógica. Assisti esta dor, ao ver meus pais sepultando uma filha de cinco anos vitima de acidente domestico com fogo e mais tarde um filho aos 33 anos vitima de infecção hospitalar. É muito triste ver aquele olhar sobre o caixão como a querer a substituição. Uma triste imagem gravada em minha mente.
Então, perda é esta dor, que não tem como estancar simplesmente entregando no colo do tempo, para que ele num sopro possa aliviar esta terrível saudade que carregamos para o resto de nossas vidas, como um fardo pesado.
“Do lado esquerdo carrego meus mortos.
Por isso caminho um pouco de banda.” (Carlos Drummond de Andrade)
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Texto para um exercicio no blog pensandoemfamilia da querida Norma, que agora
publico aqui para os amigos que não leram por lá.
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A visão de Cacá do blog Uai mundo?...
http://uaimundo.blogspot.com/
"A morte é mais bem aceita quando vem no decurso de prazo. É do ciclo natural nascer, ter a perspectiva da digna existência e ir-se. Eis o decurso. Vindo antes é intromissão,enxerimento, é descombinado.
É recado mal dado, é amor deslembrado, é tempo inclemente com os distraídos. Aconselhei-me com a morte. Sendo ela o fim de tudo, sabe mais do que a vida. Dá-lhe rumo se bem ouvida. Faz-lhe sentido, se não olvidada."
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Assim pensou e inspirou Catia Bosso.
http://catiabossopoesias.blogspot.com/
Em parto inverso
Sofre-se inversamente em verso
Verso mal recitado que nem há autoria
Verso mal sentido que nem há utopia.
Parto inverso, dor no reverso.
Nada que doa mais, agruras malogradas.
Veste sem cor.
Fúria sem par.
Queria o poeta sempre fazer-se olvidar
Tal a tela que nunca se fará arte
Enquanto a mãe em derradeira hora, se esguia em parto....se esvai em revezes...
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Toninho
15/04/2011