sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mineiro é assim













Como todo mineiro tenho um trem nos olhos

Na minha fala mansa um apito na imensidão.
Como mineiro chorei as montanhas devastadas
Sonhei novas renascendo no vermelho chão


Aprendi a ouvir e contar piadas e prosas
Olhar para as moças e nunca dizer nada
A suspirar de medo nas estradas sinuosas
Quando a velha jardineira descia desembestada


Aprendi a cortar fumo na noite estrelada
Sentado num banco na porta de minha casa
De cócoras, agachado com uma lamina afiada


Como mineiro entendi bem cedo o que é solidão
Do alto de uma serra a olhar minha cidade
Vendo o trem carregar a terra na imensa composição.


Toninhobira
31/01/10

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Assim ela chegou



















 Assim vi voce chegar
Tão sonhada esperada
Trazendo no ar seu delicioso perfume
Com maravilhosos cantos de passarinhos.
Vestida na elegância de mais linda folhagem


Extasiado, vi da janela sua triunfal passagem
As pessoas admiradas se enamoravam
Embevecidas contagiadas da fragrância matinal
Namoram, abraçam-se beijam como Beija-flor
Até o Sol radiante, a sua amada Lua foi buscar.


Momentos mágicos que meus olhos de passarela
Alegraram-se movidos de sublime emoção
Lembrar-me-ei desta majestosa Primavera
Na alegria que explodia dentro do meu coração.


Viajei com ela pelos campos de flores da infância
De mãos dadas enlaçava Ipês de flores amarela
Olhos umedecidos emocionados da exuberância
Das plantas que um dia ornaram nossa capela.




Toninhobira
23/09/2010





segunda-feira, 20 de setembro de 2010

No seio da Palma

No seio de uma Palma o seu nome.













No seio de uma Palma cravei o nome dela
Protegido pelos espinhos ali permanecerá.
O tempo senhor de todas nossas mazelas
Virá acender o nome que brilhará

Quando a saudade aperta corre até o jardim
Ali tatuada na Palma o amor na minha mão.
Tocarei cada letra carinhosamente sem fim
Na suave brisa que refrigera minha emoção.

Nunca mais esquecerei sublime instante
Que meu coração dorido ali padecia
Querendo vencer o mar que crescia distante
Nas águas perdido reflexo olhar da agonia

Seu nome era o que acolhia naquela agonia
Com palavras belas falar de amor pra ela
Hoje a Palma inspira dias de real fantasia
Não me ouve, mas vê minha’lma a cada dia

Implora do toque de suas mãos macias
Guias misteriosas caminho sensuais de prazer
Sonha na sublime viagem pelo corpo
Envenenado pela fúria espalhada do amor.



Inspirado na adolescência quando não resistia à tentação de escrever nomes das namoradas nas plantas Palmas, usando um espinho.

E disse o poeta: “E cinco espinhos são na minha mão” (Estrambote melancólico)






Toninhobira
08/09/2010