sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Mulher II














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A mulher
Uma seqüência.


Amo esta mulher, que nunca se cala
Diante da violência que tanto ceifa,
Que mesmo diante da Penha que falha
Jamais desiste de sonhar a colheita

Amo este tipo de mulher destemida
Que seguem em frente pela dona razão
E será sempre vencedora nesta vida
Que às vezes lhe maltrata o coração.

Sonho com esta mulher noite e dia
Que de tanto sonhar às vezes lhe crio
Ainda que em meus versos haja fantasia
Sinto que ainda há uma luz no túnel frio.

Vejo esta mulher como obra do Bendito
Na arquitetura fiel com a mãe natureza
E mesmo depois de tudo, quanto foi escrito
Faltam-me quesitos, para sua divina beleza.


Toninho.
21/07/2011.

Como no dia da Amizade não foi possível uma mensagem, faço deste simples texto uma homenagem às mulheres, que me seguem e aos meus amigos homens, que sabem e reconhecem na mulher um ser com todos os direitos que não foram dados por nenhum ser humano. Nasceu com ela.

Bendito é o amor que se faz amigo, pois assim haverá respeito.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Comunicado de falecimento







"Quando a morte vem chegando, parece que as pessoas ficam em paz. Param de lutar contra ela e se entregam com uma docilidade quase incompreensível."
(Zevi Guivelder)



Cumpro o dever de informar a pedido da amiga Flor da Vida, levo ao conhecimento dos amigos o falecimento de sua mãe neste dia.

A mesma estava em UTI  por mais de 30 dias, fato este que provocou o afastamento da poetisa de nosso meio,como devem ter notado.

Desejamos a ela o conforto para superar este momento uno da vida, para que possa recomeçar seu caminho.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Esses Moços.








Imagem Google.






Estes moços que vejo pela cidade nas praças, shoppings, estádios, a esbanjar alegria, sorrisos. Seres que circulam livres contentes pelos ônibus, para algumas são amados e para outra estranha raiva ou piadinhas jocosas. Os idosos que estão num crescente, ainda vivem de maneira desrespeitosa na sociedade, que discrimina e isola pessoas, como brinquedo velho pela da chegada de um novo. Nem mesmo com advento de leis, estatutos, para lhes reservar um pouco de respeito, a sociedade parece ignorar seus idosos.

Estes moços são espelhos vivos do que se quer ser ou pensa alcançar. Estão por aí com seus cabelos brancos, grisalhos ou pintados, mas todos carregam os números dos anos, a história viva de luta na construção e educação de famílias. São espelhos, que muito não querem mirar, por medo da verdade e do inevitável, que nos espera, ali na frente antes que o Sol se ponha de vez em nosso dia, neste plano.

Às vezes são considerados seres invisíveis na idiota ignorância, de quem não lhes considera causando irremediável angustia, como em ônibus coletivos, estabelecimentos comerciais, salas de recepções, áreas de estacionamentos e outros lugares onde lhe são reservados espaços especiais para lhes facilitar a circulação ou comodidade.

Uma sociedade que não respeita seus idosos está infectada de piores bactérias, que se possa imaginar, vão de encontro ao rumo natural da vida, esquecem do processo mutante a que estamos sujeitos nesta transição. Às vezes assisto a estes atos no seio familiar para com seus idosos e fico a imaginar, que tipo de vida há dentro daquele lar, que tipo de gente estará lançado na sociedade já tão pervertida. Lembro que os pais sempre rezavam a cartilha, de preparar os filhos como cidadãos e seres uteis à sociedade. Sinto que estamos a perder este elo.

Mas estes moços hoje com o fardo mais leve, menos sonhos e desejos, sobre os ombros caídos. Seus desejos se resumem em custo zero, esforço físico nada além de um sorriso, uma abraço, um afago. Muitas vezes lhes basta um bom dia alegre de coração. Pense nisso quando estiver de frente a uma situação que envolva uma pessoa idosa. Lembre-se será você amanhã.

Toninho.
18/07/2011.

domingo, 17 de julho de 2011

Os meus medos.









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Meus medos.


Carregava meus medos, como quem na beira dos cais, carrega pesados fardos. Eles me atormentavam e me sacudiam nas noites, nos sonhos. Medo de errar, medo de falar, medo de apanhar do pai. Naquele tempo tinha esta onda de proteção constituída atual, que bem sabemos, tem sido uma das causas de tantos problemas domésticos. Era assim, uma surra poderia educar ou pelo menos impunha um respeito, uma espécie de referencia na dor.  Aprendia-se cedo, bem ou mal, a dizer “Sim senhor”, não questionar o que os mais velhos diziam ou faziam, os mais velhos sempre tinham razão.
Algumas surras ficaram marcadas e ainda ardem no meu corpo e este medo, eu tive de carregar comigo ate à juventude, quando dei com as pernas no mundo, mas não foi fuga. E hoje, preocupadamente, assisto aos filhos desafiando, enfrentando os pais e assim se perdendo no mundo de meu Deus, ou do diabo. Lembro daquele chicote pendurado na porta, ou daquela famigerada taca de couro cru, esticada junto à montaria, isto mesmo naquela época normalmente as pessoas tinham um cavalo ou mula.
Mas o medo maior, que mais estragos fez em minha vida, foi o dos mortos, que muitas vezes não ficavam nada bonitos, colocados ali numa cama na sala de visitas, cobertos por lençol. Não poderia existir imagem mais sinistra. Faltava habilidade de maquiagem dos defuntos. Ás vezes até o caixão era feito no terreiro da casa do falecido. Aquele som do “nheco nheco” do serrote, o pano roxo, era tudo sinistro. Os velórios eram feitos nas casas dos finados, sempre regado de farta cachaça e café com pão, para as pessoas vencerem a noite, animados por aqueles, que contavam piadas noite adentro. Eu menino atrevido, sempre insistia em acompanhar meu pai nestas fúnebres visitas ou às vezes só movido pela curiosidade. Mas na volta para casa, toda ousadia caia por chão, era como se o defunto estivesse sempre do meu lado.
E foi assim que na morte de meu padrinho, tive um choque pela decepção da perda e medo, que tremia batendo queixo como carro velho. Foi quando meu pai, durante as orações de corpo presente, sugeriu que eu tinha que ver o rosto do defunto, beijar-lhe os pés e rezar pedindo para ele levar o medo. E naquela noite, me atirei nas rezas como se fosse o mais febril dos fieis. Não sei explicar, mas depois daquele noite o medo de mortos se foi. Mas perde um medo e vem outro para ocupar nosso coração. E hoje vivo do medo da solidão, de perder amigos e o de não ser compreendido, aceito, medo de amar, e acima de tudo tenho medo de me perder.
 Toninho.
Inspirado no poeta Itabirano Jose Claudio Adão, http://uaimundo.blogspot.com/ quando de minhas leituras num de seus espaços de belas crônicas, deparei com uma onde ele fala de seus medos, e vi que eram os mesmos meus, talvez seja de todos aqueles, que um dia viveram como criança no interior. Bem, na verdade somos conterrâneos de cidade e meu padrinho era vizinho dele.