É sabida do ser humano, a tendência a se acostumar às situações, que a vida se lhe apresenta. A cada etapa de nossas vidas somos colocados aos desafios. De saída enfrentamos a situação de conviver com nossos primeiros medos e frustrações, aventuras. O medo de cair pela falta do equilíbrio, vem o engatinhar. Inversa/inocentemente tem-se a coragem para agarrar o rabo de um felino ou mesmo de um cachorro, ou se aventurar descer perigosas escadas. Ali tem inicio da famosa proteção assistida dos pais, tios, avos ou babás.
Acostumamos a ter proteção vigiada, entregamos a ela sem perceber, que ela um dia vai embora. O medo de errar nos persegue ao longo da vida, que às vezes nos impede de buscar novas aventuras e sucessos, vamos acostumando a fazer com que nos pareça mais fácil ou menos perigoso, como numa escala inconsciente de risco, que fica enraizada em nosso subconsciente. Creio que aí, originam-se nossas frustrações, nossos fantasmas, que nos assombrarão pela longa jornada.
Nesta longa caminhada deparamos com uma vida nua e crua a ser vivida, quando aquela mão já não nos ampara. Os modelos que se apresentam nos chocam. É quando passamos a não querer mais, a acostumar com os parâmetros impostos por nossas famílias, igreja, escola e a sociedade. Tempo de apurar nossas vocações profissionais e políticas. Justamente neste momento é que muitos se perdem, pela falta da base. Muito comum ver pessoas estiradas pelas estradas da vida nesta etapa, onde as proteções não se evidenciam, e às vezes nem são aceitas. Neste momento, que muitos se perdem pelas drogas, alcoolismo como sendo um caminho mais fácil da alienação perante as dificuldades. Processa-se então a total negação.
Acostumar transforma-se numa perigosa entrega às apatias tão comuns, quando a pessoa se sente incapaz de lutar contra a desordem familiar, social, política e econômica. Passamos a ser vitimas deste rolo compressor. Vive-se no limite da razão, neste período alguns se engajam a uma tendência política e ou filosófica, ou mesmo buscam filiação partidária. Há registros até mesmo de casos de suicídios nesta fase em que tudo parece não ter solução, quando o pensar extremo invade seres nas suas buscas, que culmina com tirar a própria vida. Desilusão total.
Aceitar e acostumar são as novas inquietações, na fase que entramos numa espiral existencial, quando somos levados a uma função no sistema produtivo. Nesta miscelânea entramos no ápice da vida profissional e começa a ter de aceitar péssimos gerentes, imbecis dirigentes tudo em nome da sobrevivência e defesa do pão nosso de cada dia. Nessa jornada, aceitamos a pobreza do pensar geral do salve-se quem puder. Já não somos seres racionais na integridade e essência, assim desfilamos pela vida, a nutrir nossas mais terríveis decepções e frustrações, pela incapacidade de resolver as questões cruciais humanas e sociais. Processa-se a insatisfação.
Assim é preciso uma ação multiforças com sabedoria, na preparação de nossas crianças, nossos jovens na maneira de se conduzir na longa jornada. Nesta ação de mãos dadas entre famílias, escolas e comunidades, inclusive num arrastão trazer a igreja, para uma perfeita orientação vocacional e de vida, para exercício de fazer prevalecer os melhores e capazes, na condução dos processos. Criar a responsabilidade política e fazer mudar todo pensar no exercício de uma função política. Processa-se a reflexão.
E penso, que se assim procedendo, teremos homens melhores e pessoas mais felizes.
Toninhobira
15/06/2010
Uma reedição.
Comentário Único de Jose Claudio (Cacá), que anexo à postagem.
“Toninho você tocou com uma fina dose de talento, num assunto que acho ser o grande responsável por tantas mazelas no nosso cotidiano. A falta de preparo das pessoas para enfrentarem a vida depois de se desgarrarem das "tetas" que os geraram. O incitamento quase obrigatório ao sucesso e o apelo exagerado para se obter bens como forma de se legitimar, como gente, junto com a ausência de idealismo, são, a meu ver, os causadores dessas angústias que norteiam pensadores lúcidos como você. Oxalá esta sua crônica seja lida por muitos e muitos e muitos e refletida bastante. Muito importante e sábio tudo o que você disse aqui. Meu abraço. paz e bem”.