sexta-feira, 2 de julho de 2010

Vida Moderna

Vida moderna



Ou de como se tem um mau dia



Nossas vidas acabaram se prendendo às novas tecnologias, e foi assim que os motores e cliques passaram a fazer parte de nossas vidas. É cada dia mais massacrante esta dependência, de ouvir o som de uma maquina o zumbindo em nossos ouvidos. Você já acorda direcionado ao acionamento de um controle remoto e este nem sempre está onde deveria, você vira tudo, se vira feito louco, pois já esta na hora do seu jornal matinal, onde está este maldito controle, que deixei aqui? E assim, você já acionou o controle remoto do seu stress amigo. Já não tem mais jeito, a gora é só uma questão de tempo, ou seja, rolarem os minutos cruciais de sua rotina. Grita pela casa. Ligue o liquidificador e processe estas frutas, que já estou atrasado e tome lhe stress. A filha menorzinha acorda e chora, pede mamadeira, sua mulher se aborrece. A televisão teve de ser ligada na mão dura mesmo e porque não fizera isto antes?

Vida moderna, vida que nos empurra ao abismo, e este elevador que demora, vá ver algum idiota, apertou todos os andares e são 20 e eu moro no segundo, e ele lerdamente vem contando passos, não sabe que tenho que estar cedo no meu trabalho? E uma voz misteriosa me segreda e orienta a descer as escadas, que é muito bom pela manha e são apenas dois andares. Pronto. Aumenta seu stress desce as escadas saltando degraus, esbarra no balde esquecido pela faxineira, ele rola escada abaixo e tudo lhe apavora, por quê? De chave na mão ao longe já aciona as portas do carro, tudo perfeito ele obedece, carro liberado, ronco de motor, emissão de monóxidos no ar logo cedo nos seus pulmões de seus vizinhos. Arranca, acelera, pisa,puxa, coloca avança, aperta outro controle, portão se abre e agora sua luta começa. Benze-se, segura com fé as fitas do Senhor do Bonfim amarradas ao seu retrovisor, buzina para um transeunte desatento, que corre para pegar o ônibus, que já se prepara para partir.

Dentro da sua casamata motorizada, se enerva com a falta de atenção dos pedestres, e segue seu caminho. Transito lento, vida moderna, todo aos seus carros vai começar a grande corrida para o nada. Ruas apertadas, sinais atrás de sinais, buzinas pipocam de todos os tons, o inferno esta formado, todos com seus tridentes, avançam pela avenida, na disputa desenfreada de logo alcançar a pista de transito rápido.

No radio uma emissora vai lhe guiando, pelos caminhos menos dolorosos, você aperta outro controle, muda para uma musica, mas não há musica, há uma banda cantando uma musica chata (Rebolation) com palavras errôneas de outro idioma, e você se aborrece, chateado com o péssimo gosto daquela emissora. Aperta irritadamente mais uma vez seu controle, automaticamente vai a uma próxima emissora, que dramaticamente relata os estragos das chuvas pela cidade, informando monstruosos engarrafamentos, você fica triste e impotente, pois é sua trajetória, seu dia começa a acabar.

Abatido, abre o porta luvas saca um CD do Vander Lee, seu disco preferido, isto vai lhe acalmar e ajudar a vencer esta terrível guerra matinal avança o dial para a musica: Onde Deus Possa me ouvir. Seu tempo cada vez mais curto e seu humor também. A musica lentamente vai lhe recompondo a paz e até uma ternura, você cantarola junto, aperta outro botão, diminui o ar, olha em volta e todos lhe parecem zangados, todos nos seus vidros escuros, como se escondessem um do outro, você está só naquela avenida recheada de pessoas solitárias stressadas nas suas maquinas.

Mais um sinal, mas uma esquina e você, se vê chegando ao trabalho. Olha o relógio que te vigia e condena. Com tempo escasso, aquele tradicional cafezinho da entrada fica adiado. Você entra no stress pela busca desesperada por uma vaga e só encontra aquela, que ninguém quisera, devido distancia e não ser calçada, mas é o que lhe resta, estaciona, reclama, aperta botão, tranca, confere, sai correndo debaixo da chuva fina para mais uma longa jornada dia adentro. Assim se constrói mais um homem barril de pólvora nesta correria cotidiana de nosso tempo moderno, fazendo com que pessoas comuns e normais se transformem em verdadeiros seres brutalizados, sujeitos a reações nunca delas esperadas.


Publicado no Recanto das Letras.
Toninhobira.

25/04/2010.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Deus nao pode mentir

Deus não pode mentir.



Ou o Deus do Impossível.






Desde pequeno tenho convivido com a máxima de que impossível é Deus pecar e o diabo rezar, sendo que estas máximas balizavam a concepção do impossível na nossa pobre insignificância perante o Poderoso.


Sempre que nos deparamos com algo muito difícil, com os quais julgamos uma enorme dificuldade de solução, somos levados a conceber o significado de impossibilidade. Ah, isto é impossível, é o primeiro sentimento de abatimento que nos atropela. Mas sempre de junto tem um fervoroso de fé que nos alerta a mente e a coragem, para dizer, que impossível seria Deus pecar e capeta rezar. Ainda tem aqueles mais céticos ou coisa parecida que afirmam que impossível nesta vida era boi voar, olho vazado enxergar.


A luz da fé católica, cremos que para Deus nada é impossível, revisualizando suas manobras em suas peregrinações,quando fez o cego enxergar, o aleijado andar e até o morto ressuscitar, quando já se encontrava em estado pútrido. E assim analisando, creditamos forças ao Deus do impossível, para aliviar nossas angustias e nossos problemas quando estes nos fogem ao controle, assim acalmamos nossa lenta mente e deixamos tudo nos braços Daquele que tem solução para todos os males. A isto hoje chamo conforto da alma.


Há certa carga de tranquilidade, que nos empurra vida afora, sabendo que tem um alguém com poderes para nos auxiliar quando as coisas nos pareçam difíceis de soluções. Pode se crer, que há certo comodismo nesta fé, que diante dos problemas, podemos chamar o Super Homem Deus, e assim ficarmos sentados esperando, que Ele faça milagres e nos restabeleça a ordem, a saúde, normalidade financeira, ou ate mesmo o bem amado. Vive-se o risco da não realização do milagre e por consequente o abalo da fé religiosa feita da troca de favores. Alguns mais fervorosos se acomodam na máxima, se não aconteceu, é porque não era a hora, ou mesmo porque não era para mim, enfim uma maneira religiosa de aceitar como desígnios de Deus.


Vivemos num mundo de alta competitividade com terríveis disputas por espaços, afeiçoes. Ainda pior numa febre de aquisição de bens, sendo os melhores e ou de marcas mais famosas, onde tudo tem de ser o melhor, para que nos faça sentir melhores e mais confortáveis. Uma situação que pode nos levar de encontro à observância do Deus com toda sua capacidade de transformação e de realização de desejos da raça humana. Nesta busca desenfreada, muitas vezes se cometem as maiores loucuras e extravagâncias que podem levar a derrocada, neste instante, onde está o meu Deus, que não vê que sou um assalariado, que só queria ser feliz honestamente?


Ah, o Deus do impossível! Quantas vezes diante Dele rogando para que meu pai ganhasse mais dinheiro, para que pudesse comprar pão com mortadela, para meu lanche escolar, como outras crianças o faziam. Quantas vezes me agarrava a sua túnica pedindo coisas que eu não podia ter. E de meu pai sempre ouvia, que Deus um dia proveria e cresci assim, acreditando que Ele um dia resolveria todas as minhas angustias e privações. Meu Deus sempre Ele a me confortar com a certeza, que de uma hora para outra, os meus sonhos estariam ali, colocados na minha frente me fazendo uma criança feliz. Eu sempre cri que meu Deus é santo e intocável.


No conforto de minha fé, sigo minha vida, pedindo outras coisas, que não se vendem nos grandes mercados e lojas de grife famosas. E assim a levo com humildade, simplicidade preservando meu Deus que não pode deixar de existir, não pode falhar. Consolado nesta certeza Ele não falhará e cooperará no meu cumprimento de propósitos nesta longa árdua jornada na busca da felicidade, mas aquela felicidade plural que se alastra e contagia tantos quantos se acercarem de mim, fazendo dos meus dias e vida uma profissão de fé, assim meu Deus nunca pode mentir e eu fico assim confortável.










Baseado em texto divulgação evangélica recebido na porta de um supermercado.


Toninhonira


30/06/2010

domingo, 27 de junho de 2010

Jornada na Floresta

Jornada floresta adentro.



Aqueles olhos que vêem liberdade
Quando em suas palavras justiça
Equilibram na vida limites da igualdade
Caminhada árdua frente à injustiça


Sonha povo que respira nação feliz
Luta cada dia crava sua historia
Busca louca alcançar que se quis
Bravos cavalgam na memória


Vão à luta sangrando exigências
Plantam esperanças na guerrilha
Floresta maldita vira armadilha

Colhem mortes nas violências
Liberdade sonhada tão distante
Guerreiros, um povo segue adiante.




Toninhobira

27/06/2010.