sábado, 23 de abril de 2011

Salve São Jorge!







Hoje é o dia de São Jorge

Nascido na Capadócia de paisagens lunar, região da Turquia, assim diz a lenda que era militar e guerreiro, com proeza de salvador de uma bela princesa, das garras de um dragão.





 


Quando criança, lá naquele interior cantado aqui, em versos e prosa, lá onde a lua tem sua plenitude nas noites frias e sem mulheres, acho que por insuficiência naquele tempo, de suas mulheres trancadas a sete chaves pelos pais, pois hoje me parece diferente, pois segundo dados das estatísticas, há um excedente delas pelas Minas Gerais. Mas naquele tempo nós meninos fomos levados a crer na imagem do Jorge dentro da Lua montado no seu cavalo espetando um dragão. Com olhos voltados para o céu em noite de lua, naquela cidade de pouca luz, a gente poderia jurar de pés juntos que realmente o via tão claramente, com a mente de quem não mente,sendo uma criança certamente.

E Jorge se fez presente por toda minha infância, até porque ostentava no peito sua imagem, amarrada num barbante derivado de um embrulho de pão comprado em Belo Horizonte, como marca registrada de quem chegava da capital. Penso que julgavam ser o pão de lá muito melhor que o nosso, pois todos traziam este enorme pão enrolado no famoso papel de pão, tendo como amarra o tal barbante, bem como fazia parte da esnobe viagem a compra daquelas maçãs de cheiro inigualável, sendo as vermelhas enroladas em papel roxo e as verdes em papel branco e para alguns mais afortunados, incluía-se ai, as uvas embaladas em pequenos caixotinhos de madeira. Hoje fico ate curioso, maçã vermelha nos lembra o amor, o roxo nos remonta ao tecido usado em caixões: morte. Mas que viagem é esta? 

Mas voltando a Jorge, o santo se tornou forte candidato a derrubar os status de todos os santos, que tinham suas guaridas normais e tranqüilas no Brasil. O guerreiro Jorge, foi tomando formas de vencedor e destemivel, logo apareceu sendo o defensor ferrenho do Jorge Bem, e para outros um mágico, que tinha o poder de fazer com que todas as armas da maldade, jamais tivessem sucessos no alvo, se por perto o Jorge estivesse, nem as os punhais, arma tão fatal no passado, que segundo causos de minha terra, os brigões e valentes os conservavam (oxidados) enfiados em Ananás, fruta da família do abacaxi. As correntes remanescentes oriundas das senzalas, não prenderiam corpo de nenhum negro escravo , quando por Jorge se evocava e assim lá nos frios e festivos porões dos engenhos/senzalas, Jorge logo se instalou na figura de Oxossi aos negros logo se incorporou e em aparelho se protagonizou. 

Jorge sentou praça no Brasil e se fez poderoso no Rio na tentativa de desbancar o também guerreiro São Sebastião, assim foi Jorge se ocupando de proteger a todos. Não deixando espaço para o azar. Como não tem nenhum bobo mais vivo um clube de São Paulo logo convocou o guerreiro e dele fez seu símbolo e protetor. Jorge passou a viver de ponte aérea, enfrentando toda serie de dificuldades com os constantes impedimentos do aeroporto da grande capital paulista. E não foram poucas vezes, que nas noites de chuva, se avistava um cavalo voando pela Serra da Mantiqueira em alguns finais de semana, sempre pousando na região do Parque São Jorge, para entrar em ação nas tardes de domingos.

Eu também que nada de bobo tenho, e como sempre o vigiei nas noites de luar, também, me agarrei a sua veste, e que nada de ruim possa me acontecer. Na chegada a Salvador com minha medalha no peito já enferrujada pelo tempo tratou logo de saber onde ficava seu quartel, para sempre mostrar minha fidelidade. Hoje Jorge é celebrado, por todos respeitado, olhando para Céu, rogo a ele, que proteções se disponibilizem na guarda de todos meus parentes e meus amigos.

Três vezes Salve São Jorge!!!

 Agô Bamba Oxossi !!! 

Publicado no Recanto das Letras
Toninhobira. 23/04/2010.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Por que fazer poesia?


Imagem Google









  



Por que fazer poesia?

Dizem que o poeta é um grande fingidor, mas diante de certos textos podemos penetrar na alma do poeta e de lá extrair toda sua essência.

Entender cada palavra que lhe dá vida na devida importância que muitas vezes parecem sair de suas entranhas num processo cirúrgico das dores e desencantos que ele vai colhendo pela vida sejam amorosas ou mesmo profissionais e ainda aqueles mais sensíveis que expurgam todas suas dores sociais num mundo desigual e desumano, pautado na exploração dos seres menos favorecidos do sistema.

São palavras às vezes que mais se parecem com um aparelho de detectar verdades, que às vezes cismamos em não mostrar e vai que pelas entrelinhas um mais atento leitor vem e expõe toda a verdade que se pensava oculta. Assim os poetas estão expostos e postos numa mesa de um centro cirúrgico das interpretações, assim anestesiado e pronto para uma devassa de suas emoções.

É linda esta capacidade que os poetas têm de esconder suas verdades e de como elas se afloram pela lente do leitor mais antenado. Muitas vezes fala-se na terceira ou segunda pessoa, ou mesmo coloca todos no barco com as pessoas do plural, para falar da dor que ora sente, para falar da decepção que ora lhe aplaca. A bela arte da poesia, ainda mais quando dela faz uma síntese contundente diante de uma grande tragédia da alma. 

Muito há que se reverenciar a estes seres de luzes, estes fingidores, que nos fazem repensar, a entrar por um labirinto na busca do entendimento e muitas vezes damos de cara a cara com como nossa própria vida nas palavras mágicas deles. Ai pensamos, será que ele escreveu para mim? Será que ele também esta passando ou passou por isto? 

Aos mestres da arte de fingir (?), eu rendo as minhas homenagens a todos vocês por esta magia, que se na poesia é pura fantasia na vida é a mais pura verdade que nos alimenta de reflexões e belas emoções.

Toninhobira
18/04/2011


terça-feira, 19 de abril de 2011

Se eu voltei.


 
Da série ouvindo música e viajando nas letras.

 
Se eu voltei.













Imagem do Google



 


Não, não fui eu o primeiro, mas voltei
Mas não sei quando pensei
Que poderia ter voltado,
Antes de pensar.

Mas a vida que seguia insistia nesta estratégia
Sempre me pedia para voltar e recomeçar
Mas não sabia onde foi que parei, apenas prosseguia.
Parece que na vida há sempre uma voz a ordenar.
E foi assim que me embrenhei pela estrada da vida.

Muitas vezes ficamos neste dilema de seguir ou voltar
Mas logo se percebe o quão é difícil a transposição    
Para o nada, para o não mais existente.
Sua vida mudou, o dia fugiu antes da Lua se exibir.
E você não viu o momento mágico do Pôr do Sol.

Agora já vem a noite pela frente
A mesma que se fez traiçoeira com suas armadilhas
Em cada esquina a lhe assombrar, ladra do sono
E as horas passam lentamente e você sofre muito.
Nas lembranças tantas que tanto pensou apagar.

E quando a manhã lhe surpreende em seus olhos
Seu corpo cansado, exausto neste alvorecer
Não atende suas vontades, em lentos comandos
E você se deixa levar por esta vontade de voltar
Mas nem sabe mais para onde voltar

Porque agora tudo já passou, acabou.
Mas se eu voltei...
Nunca saberei.


Da série ouvindo música e viajando nas letras.

“Tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu,
a gente estancou de repente
ou foi o mundo então que virou
a gente que ter voz ativa de nosso destino mandar,
mas vê que chega a Roda Viva
e carrega a tristeza pra lá...”(Roda Viva)
(Chico Buarque)

“O céu da ilusão
Que não se acaba
A música do vento
Que não pára
Será que a luz do meu destino
Vai te encontrar...” (Retrovisor)
(Fagner)



Toninhobira
10/04/2011