A saudade é um sentimento,
que nos acompanha por toda vida, desde que somos apresentados à luz. Neste
momento é colocada uma caixinha em nossas vidas. É nela que vamos depositar momentos
e emoções ao longo desta jornada. Basta um suspiro, ela se abre para receber
mais uma saudade.
Há quem diz que ela é má,
outros vivem dela e ainda há os que delas inspiram e fazem coisas belas em
variadas definições. A saudade é camaleão, veste-se das mais variadas formas e
cores, para se apresentar aos seres humanos em seus momentos de alegria e ou
mesmo de solidão.
Há quem diz sentir saudade
das saudades, este chamamos de saudosista, ele fica parado no tempo, que não
volta mais. E canta esta saudade em forma de uma ladainha. Ah, eu sinto saudade
dos tempos de crianças, de correr pelas ruas vazias, das bonecas de papelão,
dos pirulitos no tabuleiro, dos primeiros filmes de televisão. Vivem fustigados
pela caixinha sempre aberta a deixar escapara estas saudades. Quem já não sentiu
saudades dos primeiros dias da escola, do horário do recreio, assim como o
toque final da campainha para anunciar o fim das aulas? Ou quem sabe, sente
saudades de um amor infantil, que ali nascera ou até mesmo o amor involuntário
(?) pela professora que os meninos eram acometidos. Ah, isto eu lembro sim e
ainda hoje vejo o rosto dela.
Mas tem saudades, que sangram
e reabrem cicatrizes. Estas vêm como avalanche derrubando tudo como um trator
às arvores. O compositor Chico Buarque disse que ela é como uma fisgada num membro
já perdido ou mesmo, que ela é o revés de um parto, ao arrumar o quarto do
filho que já morreu. Estas dificilmente poderão ser trancadas, isoladas na
caixinha, pois volta e meia elas virão incomodar.
Então você que me lê, de vez
em quando, faça uma faxina na sua caixinha de saudades e reveja quantas
saudades, ainda moram lá e quantas devem ser libertadas. Mas não seja
precipitado para não descartar saudades, que lhe farão faltas em momentos
especiais da vida em que uma saudade nos reanima, estimula, depura a alma e
todo o ser.
Porém para aquelas que não
temos ações e nem controles e que assanhadamente vêm nos visitar o coração com
suas pegadinhas, para estas é melhor respeita-las e sentir calado no seu cantinho
ou simplesmente fazer um embrulho delas com as metáforas e coloca-las nas
entrelinhas de uma poesia destas bem apaixonadas.
Feliz dia da Saudade.
Toninho.
30/01/2015