sábado, 3 de junho de 2017

Maldita seca sem fim.



Quando você solta sua voz em critica ferrenha e discriminatória sobre a transposição, talvez não conheça ou ignore o que é a seca, que avança sobre os sertões, com um rastro de mortes já descrito por Graciliano Ramos em Vidas Secas em 1938. Há uma degradação moral dos sertanejos e nordestinos sempre ocultos pelos meios de comunicação, preocupados mais em enaltecer a beleza da orla para o turismo.

Dar as costas para a vida dos sertanejos queimados e estragados pela fome, pela falta de água com certeza não vai ajudar em nada tão pouco a minimização da fome que se espalha pelos sertões do país, que ainda convive com o polígono da seca como fonte de recebimento de recursos que sabemos são desviados e perdem seus objetivos. O Brasil não é só litoral é muito mais do que qualquer zona sul, já dizia um cantor.

As imagens da seca são filmes de terror, ferem os olhos, inundam o chão estorricado com lagrimas. O sertanejo persevera na teimosa fé pelas chuvas, que cada vez mais se escasseia. A chuva parece se esconder deste povo teimoso, que se delira por um carro Pipa com a sagrada água milagrosa.  Mas ele muitas vezes se desvia para uma fazenda de um politico ou apadrinhado. Nem mesmo São José com as chuvas de Março tem privilegiado a região e fechando o verão sem uma gota no chão.

Pense num chão estriado como feridas abertas, ansioso pela miraculosa agua, que lhe dê vida, que faça florescer o Mandacaru com sua linda flor, que alimenta os últimos animais e assim o sertanejo vê seu gado morrendo sobre a terra árida. A água salobra que ele busca num açude longínquo, pouco serve para o que resta de família e que ainda compartilha com os últimos animais.

A seca é perversa e cada vez mais com os desmandos sobre a natureza, ela toma uma forma de mensageira da morte. O país precisa pensar grande um combate aos horrores das estiagens cada vez mais agressivas. O êxodo antigamente era solução para alguns que muitas vezes abandonava sua família com promessa de volta e hoje com crescente desemprego que assola todas as regiões ricas do Brasil, frustra esta perigosa saída em fuga.

Que transponham esta água possa efetivamente. Façam chegar ao pobre sertanejo, que em cantos desesperados faz promessas á todos os santos do oratório, aos deuses da chuva, ao Padre Cícero implora por um pouco de água, que faça a terra fecundar, que façam os grãos germinarem e assim acender a esperança, antes de enterrar o seu ultimo animal, um velho jumento companheiro fiel neste miserável chão.

Tende piedade deste povo, que dizem ser um forte, mas na realidade agoniza diante da terrível seca como em 1932.


Toninho.
18/04/2017
tem brincadeira por lá: momentos e inspirações.

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Tenha um bom e 
feliz fim de semana.