terça-feira, 26 de novembro de 2013

Onde eu nasci tinha um rio.






Onde nasci tinha um rio com aguas livres e limpas. Junto dele fiz minha casinha, para de noite ouvir as aguas, batendo nas pedras como uma canção de ninar. O meu rio sabia a delicia de percorrer entre serras driblando as pedras e mergulhando entre florestas sombrias. A cada queda meu rio ganhava mais energia era assim, que pude vê-lo depois da nascente, onde era apenas uma pequena canaleta de agua. Era assim sua trajetória na sina de morrer bem longe dos meus braços e se entregar nos braços do misterioso mar.

Em suas aguas o delicioso banho na companhia dos peixes e girinos, mas sempre o respeitando, quando ele cismava de ficar furioso no período das chuvas de Março.  O rio era meu amigo, onde me divertia e pescava uma variedade de peixes, que brilhavam quando fisgados nos anzóis das muitas varas de pescar fincadas e vigiadas por nós naquelas margens.

Com o tempo o rio ficou doente por causa das agressões dos homens com seus lixos que lançavam sobre ele sem pena e piedade, na mais traduzida forma de perversidade. Os peixes estavam assustados e cada vez eram menos frequentes e alguns desciam o rio, já mortos. Era a imagem tenebrosa, que não me sai da lembrança. Por isso um dia, de tão sujo o rio invadiu minha casa e levou o que tinha para as aguas, lagrimas e dor, espécie de traição do rio com os ribeirinhos. 

Decidi minha casa construir lá no alto do morro, de onde eu podia ver os campos, o mar de montanhas tocando o infinito. Um lugar bonito cercado de arvores, onde pássaros faziam serenata todas as manhãs após o canto do galo carijó no terreiro. Lá do alto olhava com pesar, para o que restou do rio agora quase seco, resto de agua escura fétida, nada mais nascia nas suas margens além da ervas daninha, aquilo era a imagem da desolação.

Mas um dia, uma chuva de vento levou o telhado da minha casa. Era a mesma chuva de Março, que minha casa invadiu e molhou minhas ultimas lembranças em fotografias do meu rio e do meu vale. Hoje busco na memoria estas imagens de minha infância feliz ao lado de um rio de águas claras e limpas onde as mulheres lavavam as roupas, que secavam estendidas sobre a grama e eu menino ali me divertia de mergulho em mergulho cheio de encantamentos, este rio morreu pela fúria das mineradoras e nos meus olhos esta gota de lágrima parada, congelada olha para este mar aonde ele não chega mais.

Toninho.
17/11/2013

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Uma linda semana para voce.
Um rio de lágrimas de alegria em cada dia.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quando cai a noite.


Oscilam os olhos sobre a noite,
Roga ao Pai as suas bênçãos,
Livrar-se da insônia de açoite,
Que atormenta nesta solidão.

Acumulam-se estrelas na janela,
Como companheiras iluminadas,
São brilhos dentro dos olhos dela,
No silencio desta madrugada.

Quando surge a Lua seresteira,
Naquele lindo vestido em prata,
Seus olhos viram uma cachoeira,
Torrente de lágrimas em cascata.

Um rosário sobre o criado mudo,
Que sempre desliza entre dedos,
Sua única força seu único escudo,
Para afugentar todos seus medos.

Naquela janela vejo esta imagem,
De uma mulher com a alma nua,
A esperança que virou miragem,
Arraigada que jamais se recua.

Toninho.
21/11/2013
Inspirado numa mãe que espera pela filha que desapareceu num sábado de carnaval nos anos 70 e nunca mais se teve noticias. Mas ela espera.
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A todos vocês um lindo fim de semana com as alegrias fazendo festas em cada coração.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Voo da morte.




Perigo no ar.
Alvoroço no quintal_
Carcará voa.
 










Espinho fatal.
Animal em defesa_
Ouriço se arma. 
 








Predador foge.
Mau cheiro na floresta_
Gambá em defesa.
 






Vale lembrar:
Na natureza haverá o equilíbrio desde que o homem saiba respeitar a relação entre eles e o seu habitat.
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Não deixem de passar pelo blog pensandoemfamilia que promove poesia todas as quintas feiras. Confiram há sempre um amigo por lá.
 







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Creditos: 
As fotos do gambá e do Ouriço caixeiro são do jornal Estado de Minas. O carcará do Google. 
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Saber: 
1-O gambá exala quando em perigo um mau cheiro que espanta seus predadores devido uma glândula próxima da cauda.
2-O Ouriço caixeiro quando em perigo se transforma numa especie de tatu bola e os espinhos saem do seu corpo.
3- O carcará é uma ave de rapina eximia em caças com suas garras e bico.
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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Casa pequenina.









Felicidade é uma casa pequenina,
Onde reina amor sem maldade,
Lá que refugio de minha rotina,
A casa onde mora a felicidade.

Quando tem noite de lua cheia,
Ela fica mais linda sob o clarão,
Nos olhos facho de luz incendeia
A alegria que mora no coração.

Pirilampo com luz esverdeada,
Mariposa suicida em lamparina,
No olhar da coruja em caçada,
Piado fúnebre maldita inquilina.

Pela manhã a cantoria anuncia,
Vem de todas arvores do pomar
São pássaros em festa e sintonia,
Que fazem a alegria deste lugar.

Para quem pensa nela habitar,
Saiba que existe uma condição,
Amar a natureza deste lugar,
Com pureza de alma e coração.

Às vezes ela se cobre de uma neblina,
Na manhã que não vejo o caminho,
Incrustada no canto de uma campina,
Guarda minhas saudades de menino.  

Toninho.
16/11/2013

Inspirado numa fotografia de uma casinha
lá pela região onde nasci, postada na pagina de uma amiga e conterrânea no Facebook. 

Uma bela semana a todos.