O
Sol pela manhã ainda nem chegou naquele cantinho de praia. Ao longe visualizo a
figura solitária daquela mulher com seu olhar debruçado sobre as águas. De
longe ouço uma cantiga triste, já conhecida pelos moradores solidários, que
assistem todos os dias este lamento pela manhã.
Próximo dela ainda vejo pescadores
também solidários. Eles na rotineira preparação de seus barcos, antes de se
lançarem neste mar, entregues a toda sorte na esperança de redes cheias, para o
sustento de suas famílias, bem como no excedente, atender a clientela da vila.
Emoções afloram no instante curioso daquela
mistura entre a cantiga melancólica daquela mulher e a dos pescadores carregada
de crendices à Iemanjá, e outros seres que habitam este mesmo mar, que cantam
em espécie de oração com pedidos, para que lhes façam sucedidos na volta do mar
com seus barcos cheios de peixes e sem acidentes. O mesmo mar que nunca mais devolveu
o homem daquela pobre mulher, que o viu entrar pelo mar numa manhã chuvosa e
que agora perdida, ela se desespera e despenteia na beira do cais na espera
inútil.
Assim é a vida naquela vila de
pescadores, um ritual repetitivo assistido por algumas gaivotas, que namoram os
barcos com seus peixes. Sonhos que se misturam esperanças que embarcam e outras
que deveriam desembarcar, todos tem uma forma de ser feliz ou crer na
felicidade. Da janela já vejo o Sol, que se espelha no mar. O barco solitário
que baila sobre as águas num lindo sobe e desce, agora leva bravos pescadores
para mais uma aventura neste imenso mar, carregados de sonhos e desejos.
Então vejo a mulher que retorna cabisbaixa
em direção à vila, com seu vestido roto a cobrir aquele corpo, agora alterado pela
gravidez daquele pescador, que talvez nunca possa receber nos braços sua amada
e filho. E os barcos com seus valentes pescadores vão desaparecendo lentamente
nas descidas e subidas das águas, os olhares desviam do mar e se voltam para a
vila que aos poucos vai retornando na sua vidinha praieira, para tudo recomeçar
numa nova manhã de esperanças e lagrimas.
Toninho.
24/05/2012.
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foto do site Olhares Paula Valentino.
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Obrigado Calu pela interação com Haikai.
Olhos perdidos
choram lágrimas amargas
corações partidos.
Eu sempre observava esses olhares das mulheres que fitavam, ao longe, os seus maridos que se aventuravam dia após dia no mar bravio em busca do sustento familiar.Eram olhares tristes!
ResponderExcluirBeleza o teu conto.
Abração.
Tão lindo,Toninho! E numa viagem ao Nordeste, observei bem esses olhares delas, olhando seus homens no mar, se voltam, cheias de filhos ao lado, esperando...olhando!! Adorei! abração,chica
ResponderExcluirA princípio, nota-se o título e imagina-se que será uma bela história. Ao ler sua crônica, percebe-se que nela há mais beleza do que se pode imaginar. É a vida simples passando com vista para o mar.
ResponderExcluirAbraços.
Olhos perdidos
ResponderExcluirchoram lágrimas amargas
corações partidos.
Por toda narrativa presenciei a cena sentindo a tristeza da mulher parada à beira do cais.Sonhos que se foram nas águas do mar.
Linda e tocante narrativa, amigo Toninho.
Bjos,
Calu
É cena triste! É cena emocionante! É sina!
ResponderExcluirLindo conto, Toninho! Meu grande abraço!
Lindo e triste Toninho!!
ResponderExcluirUma profisão que é uma aventura mesmo essa de pescador.
Beijos e bom fim de semana!
Um mar grandioso que alimenta e encanta.
ResponderExcluirPrecisar dele pra viver é aventurar-se ,sempre.
Uma história bonita, apesar de triste Toninho.
Deixo um abraço e desejo bom domingo, ótima semana.
Boa Noite Toninho.=Tocante e profundo
ResponderExcluirteu texto.O Mar com seus mistérios,se calmo
nos brinda com suas águas douradas,se bravio,
traz em suas ondas as tristes venturas dos que já não voltam mais.Parabéns.Bjus\Flor*(O Google me exigiu o meu nome real,e meu nick ficou só para as matérias.coisas da rede.rsrs
"Contam que toda tristeza
ResponderExcluirQue tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos
Molhados de mar."
Os versos acima são da música CONTOS DE AREIA, interpretada por Clara Nunes. Na medida em que eu ia avançando pelo texto, os versos dessa música foram me tomando, e não pude deixar de citar aqui, quem sabe, os mais belos versos de um samba que eu já tive a oportunidade de ouvir. Letra e música de Romildo Bastos e Toninho Nascimento.
Toninho, meu caro amigo. Te peço perdão por invadir desta forma o seu maravilhoso texto. A sua percepção do ambiente é perfeita, e a capacidade descritiva está num patamar superior. Ler foi o mesmo que estar ao lado da mulher, olhar para o mar na mesma direção que ela, e se entristecer também.
Citei acima que a música da Clara é um dos mais belos sambas que conheço, mas este seu conto é, com certeza, um dos mais cativantes e belos ao se dirigir ao nordeste e a sua cultura. Um Conto de Areia, e um Olhar na Beira do Cais. Fantástico.
Toninho, sua arte vai ficar marcada como um instrumento de sedução da alma. Tenho lido a Celêdian poetizar magnificamente lindas imagens. Você poetizou uma melodia em minha mente. Parabéns.
Um ótimo fim de semana pra ti e toda a família, meu amigo.
Abraços.
Marcio
Amigo hoje só estou passando para lhe desejar um santo e feliz domingo, com muita saúde , paz e amor no seu coração ... que a vida sempre lhe sorria.
ResponderExcluirOlá Toninho, que lindo post com teu olhar humano poético!É a vida para muitas mulheres que sabem que o mar é o sustento mas que ele sem dó rouba seus amores. Parabéns!! Beijos!
ResponderExcluirÉ meu amigo, conto muito bonito e nostalgico é a preocupação e dor que toda mulher de pescador enfrenta em ser a sua companheira,sabendo o perigo que o companheiro vai estar sempre exposto, ignora a atração que o mar exerce sobre as creaturas principalmente os pescadores, as minhas filhas que tem pavor de enfrentar o mar ou rio numa embarcação rí quando digo se fosse homem as profissões escolhidas seria a de pescador ou jardineiro. Agradeço o teu comentário sempre centrado. um final de semana de muita paz, Celina
ResponderExcluirEm mistérios e palavras. O mar com suas águas e suas palavras refletidas... Parabéns pela inspiração.
ResponderExcluirQue você tenha um excelente domingo. Cheio de paz, luz e alegria.
Forte abraço.
Tatiane Salles.
http://tatian-esalles.blogspot.com.br/
Att.
Olá Toninho,
ResponderExcluirEmocionante!
Um conto tristonho, que mostra a realidade da
vida daqueles que vivem da pesca, arriscando suas vidas nas águas do mar.
O conto envolve e encanta pela sua bela narrativa.
Ótimo domingo para você e família.
Abraço.
Prezado amigo, boa tarde!
ResponderExcluirRealmente gosto muito de ler seus textos. Estes seus textos que por vezes você nos deixa aqui, são textos cheios de vida. Você tem o dom de detalhadamente dar vida ao texto; é como se o leitor estivesse a viver estes sentimentos retratados, ao invés de os ler.
Pude através desta fotografias ver os pescadores partindo mar adentro...
Também pude ver o desespero misturado com esperança estampado no rosto da mulher; e senti a nostalgia da musica...
Um texto que nos (me) leva a viajar...
Um lindo e inspirado domingo para você
Lembranças
Ange.
Emocionante o conto...ainda mais ao som de "Cais" de Caetano...
ResponderExcluirOlá Toninho,
ResponderExcluirMaravilhso esse conto, porém triste, realidade de pescador,e os mistérios do mar. Pelos detalhes a gente viaja em seu conto, lindas cenas,essas gaivotas que enamora os peixes no barco. Lembrei de uma familia que conheço e mora aqui no ES. Alguns são pescadores e passam meses no mar. Essa é uma vida muito dolorida para aqueles que sobrevive dessas pesca. Que Deus proteja todos esses pescadores.
Parabéns pelo maravilhoso conto amigo.
Desejo que sua semana seja só de benção. Grande abraço!
Toninho,história muito cativante que envolve do começo ao fim!Final comovente,lindo!Bjs e boa semana!
ResponderExcluirToninho amigo mineiro como vai você?...um conto tristonho..mas é a realidade daqueles que ariscam a vida na pesca...boa semana querido..abraço.........titi
ResponderExcluirUm conto que traz a realidade praiana na rotina dos pesacadores e familiares que se deparam com as esperanças da pesca e o temor da partida sem volta.Parabéns pela snesibilidade com que a retrata.
ResponderExcluirBjs,
Agradecida e honrada com sua visita, meu blog é muito simples,sao posts rapidos, traduzindo meu estado de espirito, geralmente escrito pelas maos de outros...outros falam por mim... nao tenho o dom da escrita assim como vc...
ResponderExcluirTenha uma otima semana de paz...
Lindo e triste, como na vida de todos nós, uma alinhavo de sentimentos que se refazem na rotina,
ResponderExcluirtendo o mar como fundo deste cenário cheio de dúvidas e esperanças. Você nos faz viajar nas suas bem desenhadas palavras, recebo-as como um carinho,
Bjs.~
Bom na poesia,craque nas crônicas,meu amigo,vc é 10!
ResponderExcluirAbração
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá,Toninho!!
ResponderExcluirNossa... que história!!Um lindo texto,cheio de emoção.
Uma pena que tenha que ser assim na vida...
Beijos,meu amigo!
Obrigada pelos comentários sempre tão gentis.
Boa semana!
*Tive que arrumar o comentário.Faltou um pedaço!Desculpe!
Boa tarde, Toninho amigo!
ResponderExcluirQue beleza de narrativa, junto com a música de fundo que está perfeita!
É isso mesmo! Em certos lugarejos deste imenso país, têm muitas mulheres assim, esperando, esperando, esperando.
Lindo texto, parabéns!
bjs cariocas
Você com esse olhar ilminado pela sensibilidade narrou com lirismo doce essa tristeza tão cortante. Uma beleza!
ResponderExcluirEla precisava inventar um cais para si mesma. Para aportar de toda a vã espera e angústia e seguir em frente; eis o ciclo doloroso da vida que não deixa de ser bela, no entanto.
Abraço grande, amigo! Paz e bem.
Oi Toninho!
ResponderExcluirÉ uma triste realidade, buscar ganhar o pão do dia-a-dia tendo que se submeter à sorte, seja ela qual seja ao entrar no mar. Lindo seu conto e tão verdadeiro, dava para escutar o lamento.
Abração e uma ótima semana!
A vida é um recomeço constante...
ResponderExcluirBjs meus
Catita
Olá Toninho querido,
ResponderExcluirEste texto sensibilizou-me muito. Emocionei-me ao lê-lo, pois parece-me ver aquela pobre e sofrida senhora a esperar indefinidamente o esposo e pai de seus filhos, todas os fins de tarde, à beira do mar. O grande e mágico mar, que alimenta os pescadores, mas que também, seguidamente, rouba vidas nas suas ameaçadoras e gigantes ondas.
Triste, mas real seu texto!
Um grande beijo e uma ótima semana para você, amigo.
Maria Paraguassu.
Suas crônicas são lindas Toninho ,se você pintasse quadros seriam lindos,sempre que leio o que escreve a paisagem se forma.
ResponderExcluirbjs
Toninho achei tão real que fui lembrando de algumas histórias que conheço.
ResponderExcluirLindo texto!
Xeros
Como é bom vir aqui e sentir esta harmonia, esta mensagem de Paz absoluta. Obrigado, amigo Bira, que Deus o abençoe sempre!
ResponderExcluirMeu querido Toninho,
ResponderExcluirMeu olhar se debruçou sobre o teu poema e sentiu a melancolia do canto daquela mulher e a esperança dos pescadores de peixes e de uma vida mais digna.
E o canto invadiu a minha casa e a minha alma,canto de teu poema e de tua inspiração.
Muitos beijos,
Leninha
Belo alvorecer amigo querido !!!!!
ResponderExcluirSua crônica nos mostra o palco da vida,onde a mulher representa um drama ,ou uma comédia para viver ou sobreviver com seu olhar em busca da volta de quem se foi mar adentro...
bjs com sabor de orvalho !!
Meu querido amigo
ResponderExcluirQuanta esperança e serenidade encontrei neste poema...obrigada.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Amigo Toninho
ResponderExcluirVocê arrasou com este conto.
É pura emoção. O homem e o mar, a mulher que espera com lágrimas e angústia, crendices e as gaivotas em volta dos barcos.
É divinal a sua inspiração.
Um grande abraço.
Verdade amigo cada um faz suas escolhas nesta vida, abraço Lisette.
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