Vida simples tem o povo naquele
sertão,
gente curtida pelo sol que planta a
terra.
planta teimosa brota, morre, mas renasce.
Um gato espreguiça no canto da cozinha,
olhar atento na carne que será lançada.
O fogão de barro do brejão chapa de
ferro,
panela de pedra
sabão com o cheiro bom,
preta como carvão ferve segredos da
roça.
Um bule esmaltado verde com o café
preto,
adoçado com a rapadura da cana caiana,
que espirra, escoa moída pela engenhoca.
A noite parece estes presépios da
cidade,
são os vagalumes em bandos pelo
terreiro.
Ouvem-se cantos noturnos, coisa do medo.
uma lamparina
alumia a casinha branca.
Os velhos contam os casos num
banquinho,
falam sobre assombrações daquela
região.
De manhã a neblina esconde as casinhas,
tudo translucido em volta daquela
serra,
quando se inicia a jornada destes
bravos.
Ouvem-se cantos já longe desta marcha,
pés descalços pelos caminhos orvalhados,
leva um embornal com a matula diária.
Quando cai a tarde, voltam ao caminho,
que cruza e descruza o rio na
sinuosidade
as vezes entram no rio outras na pinguela.
Bravos homens regressam com seus sonhos.
Assim é a vida do sertanejo no árido chão,
luta desigual contra a seca para obter
o pão.
Toninho.
10/11/2014
Notas.
Notas.
Pedra sabão: Esteatito uma
pedra caracterizada pela conservação de calor.
Cana Caiana: é uma
variedade de Cana-de-açúcar de coloração de colmos
arroxeados.
Engenhoca: Pequeno
engenho, destinado moer a cana de açúcar na obtenção caldo para os processos.
Lamparina: Pequena lata com um pavio no centro, que boia no azeite ou
querosene produzindo luz fraca.
Matula: Merenda, geralmente para uma
viagem feita de farinha e pedaços de carne seca ou toucinho frito em torresmo.
Muito usada pelos tropeiros antigamente
Pinguela: Peça de
madeira atravessada sobre um leito de água para servir de ponte às vezes sem
proteção lateral.
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A necessidade destas notas devido aos leitores de outros países ou
estados brasileiros diferente de Minas. E eu estou na Bahia,rsrs.
Um bom e lindo fim de semana a todos.
Aqui tem mais coisas nossa,
confiram : toninhobira.blogspot.com.br/
Toninho,
ResponderExcluirSó de olhar pra essa imagem da casinha na roça, deu uma saudade muito boa.
Sou carioca da gema, mas meus pais e familiares são de MG. Passava minhas férias todas na fazenda de meus avós.
Desses termos, o único que não sabia era "matula", por lá,eles falam merenda.
Acho muito legal essas suas explicações. Muitos não conhecem esses termos, ou esqueceram.
Só não assisti ao vídeo, deu uma pontadinha no peito, acho que ficaria emocionada. Risos
Um lindo dia! Abraços
Perfeita descrição de um cenário de paz.
ResponderExcluirParabéns, Toninho!
Beijo!
Desde a imagem, ouvindo a música do Milton, lendo teus lindos versos, deu pra sentir todo o cenário descrito assim tão bem. Pude ver até o gato preguiçoso, típico das cozinhas de antigamente. Descreveste cada cena. Muito legal! Valei! abração, lindo fds! chica
ResponderExcluirBom dia Toninho Mineirinho e grande
ResponderExcluirpoeta, musica e poema combinam bem
e esse retratou o lugar certo da saudade
de muitas coisas eu amei e parabenizo
Abraços com carinho!
└──●► *Rita!!
Ei Toninho
ResponderExcluirLendo seus versos lindos, a imagem foi passando na minha frente, tal e qual você tão sabiamente descreveu.
Grande abraço, amigo.
Eu sou de Minas e tudo que está nos seus versos é verdade. Adorei. Bjos bom fim de semana.
ResponderExcluirSE VIVEN, SE SIENTEN TUS VERSOS. EXCELENTE POEMA.
ResponderExcluirUN ABRAZO
✿✿ミ
ResponderExcluir۵ Olá, amigo!
✿ Essa imagem inspira uma bela tela a óleo, a casinha, o pomar ao redor e as montanhas.
A flor anterior é de uma árvore, aqui chamamos de "esponjinha. Tem árvores cujas as flores são brancas, outras, rosa.
✿ミ A doçura da poesia me fez lembrar a família do meu avô.
╭✿╯Bom fim de semana!
╰✿╮Beijinhos
Vou ver o vídeo meu amigo. Li com todo o interesse
ResponderExcluiro seu texto.
Desejo muito que o amigo se encontre bem.
Bj.
Irene Alves
Assim é a vida no campo... dura... mais tranquila...
ResponderExcluirBeijos Toninho...
Gente simples que trabalha a terra,
ResponderExcluirgente que colhe porque semeia
gente lutadora sem ir a guerra
gente feliz sem ter a barriga cheia.
Quem mais trabalha menos tem,
tem mais quem menos ou nada faz
gente pobre tem dores também
ao menos deixem-na viver em paz!
Gostei do seu poema,
tem nele as verdades escritas
não enganem o povo com mentiras
não tenham dó nem pena
com palavras fingidas!
Bom fim de semana, um abraço amigo Toninho.
Eduardo.
Esplêndido, Tonin!
ResponderExcluirPrá mim carece nota não... voltei no tempo. Vivi muitas noites de lamparina; levei muita matula de "armoço" pro pai e esculpi muita pedra sabão.
Bebia "refrigerante" de cana caiana todo domingo, na engenhoca do vovô e passei muito sobre pinguelas, olhando a água limpinha a serpentear lá embaixo...
Grata pelas recordações
Sim meu amigo, brava gente que com tão pouco se contenta, gente simples, gente humilde, mas de uma sabedoria ímpar, lindo teu poema a exaltar tão belos guerreiros, bjos Luconi
ResponderExcluirBoa noite Toninho, apaixonante o seu magnífico texto narrando os costumes sertanejos! Aqui e ali revi alguns aspetos que faziam parte da realidade portuguesa de outros tempos! Muito obrigada pelo seu cuidado na explicação dos termos de origem!
ResponderExcluirBeijinhos e um bom fim de semana. Ailime
Que maravilha, abraço Lisette.
ResponderExcluirOlá, amigo Toninho
ResponderExcluirVersejar com o coração mineiro só podia dar um brejeiro poema de alma...
Termos típicos que valorizaram ainda mais o que brotou do fundo do seu coração...
Parece um dos poemas de um livro que tenho desde pequena... de muito estilo e valor...
Excelente Domingo!!!
Bjs fraternais
Olá Toninho
ResponderExcluirPude visualizar cada detalhe da cena. Local simples de gente simples, boa de coração e batalhadora. Brava gente mesmo que luta de sol a sol, mas tem a felicidade em seus corações.
Abração
Amei a sua Pátria, muito progresso para ela. Brava gente brasileira, claro morrer pelo Brasil!!!! O último é de pensar,rsrsrsrsrsrsr...!!! Te esperando no meu simples cantinho!... bjs
ResponderExcluirToninho, que a tua semana seja de paz e muita luz, o teu poema nos leva a ver as belezas do interior de gente simples e honesta e que não tem medo do trabalho , quando a chuva não cai, eles não perdem a esperança, emfrenta o que tem pela frente para sobriviver, e não perdem a fé em Deus, sabem que a qualquer hora as suas preces serão atendidas, lindo o amor a sua terra, só a deixam na última estancia. Amei o teu lindo poema . Um abraço fraterno, Celina
ResponderExcluirOi Toninho!
ResponderExcluirEste cenário fez parte da minha vida!
Esta é a minha querida terra, minha gente boa, de coração limpo, repleto de fé e muitas esperanças, e que não teme a luta!
Amo tudo isto Toninho, e amei teus versos.
Abração
Mariangela
Belo cenário descrito em forma de poesia. Um pouco do regionalismo a ser mostrado.
ResponderExcluirbjs
Boa semana
Boa Tarde Toninho..
ResponderExcluirUm belo poema parece minha infância na roça
o bule da mamãe era azul com flores acanhadas pela fumaça do fogão de lenha.
As panela fazia a melhor refeição q nunca mais esqueço aquele sabor.
Toninho gosto desse seu jeito de fazer poesia brincando
com a realidade .
Amigo espero q esteja tudo bem contigo a muito não sei do amigo.
Um feliz final de tarde abraços.
Evanir.
Olá Mineirinho,
ResponderExcluirDesculpa a demora de estar aqui. Até mesmo para responder... Estou na correria. Vou participar de uma feira de artesanato aqui em Vitória e fazendo muitos acessórios... Mas... Estou com saúde e isso que importa. As chuvas foram fortes, mas na minha redondeza foi tudo tranquilo. A Priscila está bem obrigada. Vai casar no próximo ano e esta fazendo pós, graduação e estágio. Super atarefada e na expectativa.
Obrigada pelo carinho e pelo belo poema.
Bons fluidos.
Meu amigo, já começa sua postagem com a voz maravilhosa de Milton Nascimento. E discorre, poeticamente, sobre uma vida difícil, árdua, mas que é abraçada com amor . Caminhos de uma realidade que para muitos é ignorada. Seu poema proporciona visão de cada particularidade que mencionou, e da união familiar. Ficou muito belo. Bjs.
ResponderExcluirSeu texto me arremeteu a um tempo em que eu era criança, em casa de minha vó materna! Belíssimo!!!
ResponderExcluirGostei daqui...
JoicySorciere => CLIQUE => Blog Umas e outras...
Boa tarde Toninho!
ResponderExcluirQue lindas as descrições da poesia...
(E que bom que vc colocou estas notas,
algumas expressões,
eu desconhecia).
O cenário tem uma rotina árdua,
mas a simplicidade encanta.
Bjs :)
Oi Toninho, linda, brava e guerreira poesia. Parabéns, também por traduzir algumas palavras, já atravessei em uma pinguela, dá até medo mesmo, tem gente que não atravessa de jeito nenhum. Amei sua visita nos meus cantinhos.Um Abraço
ResponderExcluirBoa tarde
ResponderExcluirObrigada pela visita lá no blog.
Ouvir música do Milton Nascimento e ler seu poema é reanimar o dia.
Um abraço
Bela descrição Toninho. Enquanto lia ia visualizando. Bjusss querido ;)))
ResponderExcluirOlá amigo,
ResponderExcluirLinda a descrição do cenário. Pude até ver o gato se espreguiçando no canto da cozinha-rs.
Dos termos explicados eu somente desconhecia 'matula'.
Inspiradíssimo! O poema é uma beleza.
A vida do sertanejo é dura, mas ainda acredito que ele é feliz na simplicidade de sua vida.
Pois é, amigo, falta um 'kadin', mas estou receosa com o jogo do dia 26 (Brasileiro). Quanto ao Brasileirão, acho que tá no papo-rsrs.
Perfeita a escolha da música.
Carinhoso abraço.
Um lindo canto brasileiro Toninho,
ResponderExcluirAs palavras para nós são realmente conhecidas embora algumas mais regionais tipo 'matula'
grande poeta ,grande amigo_meu abraço