O vilarejo viva a pior
seca. No campo arvores nuas e retorcidas. Animais esqueléticos em procissão morriam
rumo às aguas salobras¹ do açude seco. Não bastasse a seca, chegou um vírus,
que isolava e prendia as pessoas em casa.
Mas nuvens enegrecidas derreteram sobre a região. O povo esqueceu o medo, com guarda-chuvas aglomerou-se pela única rua em festa. O médico de sua janela com megafone implorava pela dispersão, mas o alarido impedia sufocava seu clamor.
Após três dias sem chuva o campo florescia, o açude transbordava aos olhos dos animais esqueléticos vigiados por um carcará² faminto. Os homens não foram para o campo. No posto de saúde imensa fila de gente triste recepcionou o médico mascarado com um coral de tosses.
O médico balançou a cabeça de um lado para o outro. Ao longe o sino da capelinha anunciava a saída do terceiro sepultamento do dia.
Toninho
17/03/2021
Notas:
1- Água de gosto amargo repugnante devido
dissolução de sais.
2 Ave falconídea que acompanha os urubus
na alimentação.
Grato
pela visita.
Bah!!! Foste fundo! Tão real tua inspiração...Parece aqui onde o povo não ouve o que os médicoa alertam e gritam, tentando ajudar e preferem dar ouvidos ao "urubu mor" que só sabe coisas podres espalhar...Só que a morte chamar para o povo!! Muito linda! Bem atual! abração, chica
ResponderExcluirEm cenário tristemente real, vc contornou a realidade em cores marcantes e análogas nestes dias de tanta apreensão.
ResponderExcluirUm abraço!
Carminha
Aplausos, foi fundo na realidade atual, trazendo seu olhar sobre os comportamentos humanos e suas consequências articulando situações regionais que se somaram. Grata como é boa a diversidade de olhar sobre uma mesma situação. Bjs
ResponderExcluirBelíssima leitura e tão real.
ResponderExcluirParabéns, Toninho.
Um carinhoso abraço
Verena.
O cenário é belíssimo e o Toninho aumentou a beleza do mesmo!!! 👏👏👏
ResponderExcluirUn relato que aborda una realidad que puede llegar a ser tan dramática como esa falta de lluvia, y la poca atención que se va diluyendo por el cansancio de tanto tiempo.
ResponderExcluirUna buena mirada a la imagen en cuestión.
Un abrazo.
Fabuloso. Brilhante. Pura rendição.
ResponderExcluir.
Abraço poético.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Boa tarde Toninho,
ResponderExcluirMagnífico seu conto que fala de realidades diferentes. A seca e o contentamento das gentes quando a chuva caiu.
Por outro lado a pandemia já alastrar e a fazer mortes.
Tudo comove, uma coisa e outra.
Um beijinho e muita paz.
Muita saúde.
Ailime
Olá Toninho, tão real e comovente.
ResponderExcluirUm poema que nos faz visualizar a dor e sofrimento.
Obrigada pelo carinho Abraços!
Um pequeno conto com uma tão grande tragédia. A seguir à seca a pandemia.
ResponderExcluirAbraço e saúde
Boa noite caro Toninho.
ResponderExcluirSim,o vírus tem abatido muitas vidas. E a fome continua matando.
Só precisamos não nos deixar desesperar. A chuva passa,vai passar.
Muito triste e lindo.
Obrigada pelas observações lá no blog. A foto faz parte de uma novidade que será apresentada mais adiante.
Xeru
Olá, querido amigo Toninho!
ResponderExcluirFazia muito tempo que não ouvia a música.
Uma belíssima participação onde você nos relembra a dolorosa situação dos nossos irmãos sertanenses tão sofridos e, agora, com duas pestes, a literal da seca constante do clima e a secura do maldito vírus que chega aos mais recônditos dos lugarejos.
Gostei muito das metáforas e realidades postadas, com sua experiência de causa na proximidade nordestina.
Ainda hoje falava com filhos da minha estadia/issão pelo sertão da Bahia, em Alagoinhas.
A "tosse" ecoa pelo sertão num sufocamento de alma. Perfeição nos detalhes em sua poesia.
Parabéns pela belíssima inspiração!
Seja muito feliz e abençoado, meu bom amigo!
Proteja-se bem!
Beijinhos, saúde, paz e preces
Me gusto la canción y el relato tan humano . Te mando un beso
ResponderExcluirBom dia Toninho.
ResponderExcluirQue a natureza, o amor de Deus eleve o bons pensamentos, as lindas poesias do amor, apesar de toda dor...
Precisamos nos unir na oração, na boa vibração, porque na verdade somos uma alma, que viajamos através desse corpo para aprender a Ser Seres Humanos, harmoniosos, amorosos, empaticos...
Fico aqui a pensar, se as culturas que celebram a morte com alegria, não são as certas...
Acredito que um dia vamos partir, somos viajante, e meu desejo é que ninguém se perca nessa viagem com as distrações e ilusões distorcidas do poder, que manipulam as massas...
Toninho, desculpa as palavras acima, são as que vieram em meu coração, aposto sentir a dor do poema!
Sempre uma linda participação.
Que vosso coração vibre no amor, porque somos passageiros, e que seja uma jornada de amor, apesar dos desafios diários...
Abraços fratenrno.
Ju
Oi Ju, grato pelo comentário pomposo e digo que assino com você as colocações. Creio que estamos numa passagem e morrer dói para quem fica. Vamos viver com muito amor, pois a viagem tem hora e local marcado, só que não sabemos, para ter mais emoção o viver.
ExcluirUm abração amiga.
Toninho
ResponderExcluirA seca
a chuva uma alegria
a pandemia
as mortes uma tristeza
a actualidade de nossos dias
:(
Uma publicação muito interessante e realista! :))
ResponderExcluir*
Mar...Alimento ilusório...
*
Beijo, e uma excelente tarde...
Amigo Toninho,
ResponderExcluirAproveitou criativamente e muito bem o tema proposto, como aliás o faz sempre.
O povo tem que consciencializar que enquanto a pandemia não passar, não pode haver ajuntamentos. Acho que tem sido este o maior obstáculo, a continuar assim, não sei quando podemos respirar de alívio.
Beijinho e muita saúde.
Fê
Olá meu amigo
ResponderExcluirA realidade interpondo-se na poesia alinhavada com o glamour do seu versar que perpassa com esplendor por esse caos e nos deixa momentaneamente á deriva do mal trazendo ao coração a beleza desse versar pleno.
Parabéns pelo belíssimo conto
Beijinhos
Os comportamentos humanos são um espelho das suas ações.
ResponderExcluirNão apenas com os vírus altamente contagiosos, como o que estamos a enfrentar, sabendo que está em causa a VIDA e ignorando o perigo.
Também outras atitudes em relação ao planeta. A água (a escassez) irá provocar uma guerra no mundo. Mas nós continuamos a ignorar...
Abraço!
Que linda leitura da imagem, muito inspirada e atual! Abraços, Sueli
ResponderExcluirOlá, caro Toninho, pois não é que este meu amigo poeta também é um talentoso contista! Esse seu conto, Toninho, fez me lembrar de um grande poeta, se não me engano do Nordeste Joaquim Cardoso, engenheiro Civil que trabalhou com Niemayer, na construção de Brasília. Um de seus poemas aborda a seca da região onde um caçador de chuvas sai com seus esquisitos instrumentos para fazer chover no seco nordeste, e esncontra uma mulher muito magra, de idade avançada que na sua angústia tenta chorar, mas o que lhe sai dos olhos secos são apenas sangue e não lágrimas. E o caçador de chuva se retira diante da impossibilidade de fazer chover.
ResponderExcluirAproveito para dizer que abri os comentários neste espaço, Blog Panorama, que foi criado no ano de 2006.
Um ótimo final de semana, com muita paz e saúde.
Grande abraço
Forte, gritante e boa a inspiração com a realidade tão dura deste tempo.
ResponderExcluirQue venham chuvas de bênçãos sobre os quatro cantos do mundo inteiro...
Meu abraço neste fdsemana... Muita paz, esperança e saúde...
Palavras profundas e sentidas numa participação brilhante.
ResponderExcluirBom fim de semana
Beijinhos
Uma belíssima inspiração, assente em duras realidades... aqui com o desconfinamento, voltou a socialização de muita gente... tem mensagens, que parece que não entram nunca na cabeça das pessoas... em breve, certamente daqui a umas semanas, voltaremos a confinar... pois as vacinas continuam muito escassas... até para os grupos de risco...
ResponderExcluirBeijinho! Votos de uma boa semana, e uma Feliz Primavera, plena de dias mais leves, e bem menos preocupantes, são os meus desejos!...
Ana