sábado, 26 de novembro de 2011

Coisas do coração.



















Cada verso que escrevo se reveste de uma certa verdade, que a vida se apresenta em certos momentos. É o processo de desvestir. É não saber as respostas, para as perguntas, que sopram em nossos ouvidos. Saber as respostas é viver momentos de alivio, até que vem uma reformulação das perguntas, como se as coisas estivessem programadas, sem mínima chance de interferir e ou fugir do processamento. Sentimento de inoperância.

As coisas que não temos controle, sempre nos causam a inquietação, pois que elas nos surrupiam horas, dias e noites em interminável martírio. Somos uma ferramenta desta onda avassaladora, que nos prega uma peça desconfortável e por mais que desejamos que o pano caísse, a plateia de pé parece pedir bis infinitamente, assim permanece estático neste palco das emoções fugidias.

Os fantasmas sentimentais que nos roubam as palavras como vendaval e carregam nossas inspirações na melancolia, que se aloja em cada verso, arrastam as saudades de tudo quanto fomos e ou deixamos de ser. A vontade de recuar, abrir a porta e respirar, mas cada vez mais como se os olhos estivessem vendados, trilhamos em malabarismo arriscado de uma corda esticada e como almas aflitas, desesperadas neste terrível labirinto de tais emoções.

Quão bom seria, se houvesse a blindagem perfeita, para este coração desprovido de escudos e armas, que exposto à vulnerabilidade de todo tipo de ataque, que perfura o pobre coração com sofrimento, abandono e desilusão. É o vazio do coração. Assim vive a esperança de viver um grande amor, sem se importar, com a outra metade que ocuparia este vazio e vem daí a queda inevitável.

Eis que viver sob as coisas deste coração, torna-se uma aventura um tanto quanto perigosa, pois que ele bate acelerado na mínima sensação de uma emoção e nos leva pelos caminhos tortuosos dos desejos, que se aglomeram como gorduras nas veias, causando uma compressão revestida de desilusão, que deixa no ar forte cheiro de enxofre num corredor escuro e sombrio como nos porões da solidão.

Mas isto também passa ou mesmo se transforma.
E nova emoção vem e nos abraça, como uma onda que se elevou neste mar azul.


Toninho
14/11/2011

Da série apenas uma inspiração.
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Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: 
amor no coração e sorriso nos lábios.   
[Martin Luther King]
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Grato Zé Claudio pela otima ilustração. http://uaimundo.blogspot.com/

"Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.

A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.

De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão." (Tqinho e Vinícius)

Ou então lhe trago da terrinha(Itabira-MG) os sofrimentos da alma do Drummond:

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Haikai III






Longas passadas
Desfile elegante_
Vem Seriema.










 
Vidas perdidas
CHEVRON usa desculpas_
Mar oleoso.







 

Ovos trincados
Algazarra infantil_
Lindos filhotes.



 
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Agradeço a todos pela solidariedade à minha agonia com
o atentado à vida de minha sobrinha, que passa bem.
Deus estará sempre com todos nós.
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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Violencia Calma,calma violencia.





Violência calma.
Calma violência.





Com A se escreve Amor e arma
Com B se escreve Bola e bala
Com C se escreve Casa e cela
Com C se escreve Céu e Cela. (ABC de Fagner)

O amor fugiu do ser humano no processo de brutalização que nos assola.
A arma esta livre nas mãos sujas que mancham de sangue nossas ruas.
A bola rola nos estádios e faz alegrias do menino, mas faz as guerras das torcidas organizadas como verdadeiros bandos de animais irracionais.
A bala já não adoça a boca dos meninos, que hoje empunhando armas de uso exclusivo de forças armadas, estão a serviço da violência desenfreada, que desceu o morro e invadiu as ruas de todas as cidades. Não que todo morro seja violento, mas foi lá, que os bandidos de todas as espécies encontraram seu porto seguro de suas contravenções.
A casa ficou vazia quando dela fugiu o amor, as plantas secaram e hoje nasce apenas erva daninha, que deixa alucinado e violento o povo da cidade. A casa deles virou uma fortaleza. Mas cá em baixo as nossas casas adquiriram estranhas grades como cadeias e lá aprisionaram as pessoas honestas.
Mas a cela, esta perdeu sua função, diante das habilidosas manobras de advogados nas entrelinhas deste código civil ultrapassado e vergonhoso, que apenas se aplica com rigidez aos pais de famílias por mínimos delitos, ou os pobres sem nenhum tostão, enquanto os piores bandidos fazem da cela um lugar para pernoite, pois na manhã seguinte um exército de advogados se entrincheira nas portas das delegacias armados de estranhos habeas corpus.

Mas o cidadão decente e honesto, este vive sob o signo do medo, da vingança,
Pois que para estes bandidos a vida é uma coisa banal e matar faz parte.

Pois assim aconteceu com minha sobrinha (a do texto Minha abelhinha já postado por mim). Nesta manhã de Segunda- Feira 21 de Novembro na cidade de São Paulo,quando ela se dirigia tranquilamente para seu trabalho, foi abordada por um rapaz de capacete empunhando um revolver num cruzamento. Consciente e inteligente ela ofereceu o carro ao bandido, que recusou e disparou três tiros a queima roupa, que ela indefesa apenas usou os braços protegendo a cabeça, este ato salvou sua vida, pois os projeteis resvalaram, causando uma fratura num braço e raspões pelo corpo. Elogias-se a ação rápida da policia paulistana que em tempo hábil, prestou os primeiros socorros e encaminhamento a um hospital da região onde foi socorrida e operada para retirada de balas no braço.

Pasme e creia, mas ação ela reconheceu o rosto do bandido, como sendo um motorista, que se envolvera com ela numa batida de transito em 2009 com apenas danos materiais dos veículos e que pela pericia ele deveria ressarcir os danos do carro dela no valor de R$ 1400,00, mas que se recusara, sendo gerado um processo de pequenas causas, onde fora determinada uma busca e apreensão. Logo seria este o motivo desta violência contra uma mulher indefesa de maneira covarde pela irrisória quantia de R$ 1400,00. Seria o valor de uma vida?

Hoje falei com ela pelo telefone e já sem perigo passa bem Graças ao Bom Deus, uma moça guerreira que aprendeu a conviver com a diabetes desde os 5 anos de vida, mas nada entende desta violência que hoje está presente nos espreitando em cada rua em cada sinal de transito, uma armadilha urbana.

Força minha sobrinha Priscila e que Deus esteja sempre com você.

Toninho
22/11/2011.