João da Ponte
“Era
um homem alto, magro, sempre vestido com cores escuras,
Andava
meio de lado. Tocava as coisas lentamente. “(Murilo Rubião)
Parecia
carregar seus mortos e ou decepções do passado, este mulato curtido pelo sol,
de mãos enormes povoadas por calosidades adquiridas no serviço da lavoura. Conhecido
como o João da Ponte, referencia ao lugarejo onde nascera naqueles anos, que
antecederam a ditadura Vargas. Assim vivia pelas ruas de pedras, daquela
pequena cidade de Minas Gerais, este homem de maneiras delicadas, sempre com um
sorriso amigável, que fazia questão de tocar as mãos das pessoas com uma
expressão facial de menino inocente.
Naquele tempo nas igrejas
católicas ligadas à Arquidiocese Mariana, proibiam mulheres de adentrarem nas
igrejas com blusas sem mangas ou muito decotadas. Para tal um homem era
designado para a tarefa, ficava na porta da igreja como sentinela, foi então
que o João, pela sua delicadeza e cordialidade fora designado e era o
responsável nas missas dominicais das 8 horas, que tinha maior numero de
mulheres e crianças.
Algumas mulheres que vestiam
roupas sem mangas, quando chegavam à porta da igreja, se valiam de um véu negro
ou um xale, que colocavam sobre o tórax, para cobrir as parte nuas e assim
burlavam a restrição. Ocorre que João não aceitava esta situação e num belo
domingo, ele impediu a mulher do prefeito e fez-se um maior “fuzuê” na porta
igreja, que só fora desfeito com a presença do delegado, do bispo e do juiz de
paz que estavam na igreja.
Depois deste episodio, o que
se sabe deste fiel cumpridor das ordens do padre, é que permanecera triste e
“acabrunhado,” assim desapareceu da cidade e nunca mais se teve noticias dele. Alguns
andaram dizendo em porta de boteco, que contrariado ele se mudara para o Vale
do Jequitinhonha e morava na cidade de Mucuri, e que agora era um “obreiro” de
uma igreja evangélica que estava em processo de instalação.
Toninho.
10/05/2012.
Fuzuê: confusão, algazarra, baderna, celeuma.
Xale: vestuário feminino, adorno para os ombros, manta feita de seda ou lã.
Acabrunhado: abatido, triste, envergonhado,
Obreiro: auxiliar de pastor.
Texto de exercicio no blog Escrito na Linguagem do corpo.
Que lindo exercício esse.Pintaste esse João muito bem.
ResponderExcluirNão aguentou a situação e mudou até de igreja, além de cidade... Muito legal! abração,chica
Que lindo conto, Toninho!
ResponderExcluirMas confesso que fiquei com dó do João da Ponte...
Adoro esses contos, pois viajo no tempo e no espaço, e revivo cada momento contado!
Beijos, e tenha um ótimo dia!!♥
OLá Toninho,
ResponderExcluirConto interessante, trazendo com ele uma grande mensagem, nada mais que o dever cumprido, dando a todos independente de quem seja as mesmas verdades.
Então que eu construa o a minha propria sede
e decrete as leis e que seja para todos.
Fazer a parte e ter a dignidade de sair
com o dever cumprido...
Sempre a admirar teus belos contos Toninho
Linda semana para ti
Bjs
Livinha
Quantos João da Ponte não existem por aí...
ResponderExcluirEncantei-me com este mulato, de calosidades e delicadezas,
Abs!
(Toninho se puder seguir meu blog ficarei muito agradecida)
Conto reflexivo sobre a idéia do dever cumprido e da falta do reconhecimento, levado à desesperança e afastamento físico na tentatiiva de subblimar a dor.
ResponderExcluirbjs
Olá, Toninho. Vim "Só para dizer..." o quão seu blog é maravilhoso e seus textos são belos. Sou seguidora desde já. Espero que se der, você passe pra conhecer meu cantinho, e que se gostar me faça companhia por lá também. =D
ResponderExcluirSera um prazer te receber. E desde já... Obrigada! (Ah, adorei sua playlist!)
E, continuemos... =p
Uma ótima tarde de quarta-feira.
Um forte abraço, Tati.
http://tatian-esalles.blogspot.com.br/
Att.
O João fez a opção ....
ResponderExcluirAbraço Lisette.
Oi, Toninho!
ResponderExcluirO João da Ponte tentou cumprir sua missão de forma correta, porém, como sempre acontece, quando se esbarra nos poderosos a coisa muda de figura... Sentiu-se injustiçado, com toda razão.
Grande abraço
Socorro Melo
Oi amigo Toninhobira, conto bem feito com começo meio e fim como deve ser todos os contos, é,a corda rebentou do lado fraco do João da ponte como sempre, foi melhor para ele, que encontrou noutra religião o que não encontrou na que era seguida por Ele. Um abraço fraterno, Celina
ResponderExcluirBelíssimo conto,amigo Toninho!O pobre do João quis ser justo e levou a pior.Infelizmente é o que acontece a tantos de nossos humildes Joões...os poderosos,como sempre,são os vencedores.
ResponderExcluirAinda bem que o nosso João encontrou quem lhe desse o devido valor.
Bjssssss,
Leninha
Meu querido amigo
ResponderExcluirUm belo conto...quem dera que houvesse mais homens assim cumpridores do seu dever.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
OI TONINHO!
ResponderExcluirEM TEU CONTO, DE FORMA SUTIL, NOS FAZES VER QUE ATRAVÉS DOS TEMPOS IMPERA A LEI DOS MAIS FORTES.
TAMBÉM VIM "SÓ PRA DIZER", COMO A TATIANE.
BONITO TEU CONTO.
ABRÇS
zilanicelia.blogspot.com.br/
Click AQUI
Boa noite, querido amigo Toninho.
ResponderExcluirCoitado do João da Ponte! Cumpriu a risca os mandamentos do padre, e se deu mal.
Em Mariana, lembro-me que os padres até deixavam as moças constrangidas, quando por um pequeno decote, eram convidadas a saírem da Igreja.
Era raro acontecer, porque naquele tempo fazia muito frio; mas acontecia.
Eu usava véu branco. Os véus eram lindos!
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Beijos.
Um belo conto que retrata as escolhas que temos que fazer na vida.
ResponderExcluirBeijos meus, amigo!!!
A mulher do prefeito, quem diria... e o João só queria cumprir a tarefa que lhe foi designada! Sentiu que sua maior qualidade havia sido colocada em julgamento.
ResponderExcluirBela construção! Em Minas, encontramos algumas figuras típicas nas cidades e alguns tidos como loucos. Na minha cidade, existiu a figura folclórica do "Rabo Verde" e não há qualquer roda de prosa que ele não seja lembrado.
Que tolinho foi o João, não?
ResponderExcluirÉ isso que dá querer ser sargentão fora de quartel, rsrs
Pode ter certeza que o mesmo será daqueles crentes obreiros, "cheio de santidade e abnegado", que usará o cajado do pastor para diciplinar as ovelhas.
Já vi esse filme, só que com um padre que me proibiu quando criança, de usar um brinquedo do parquinho da igreja por não ter feito a primeirta comunhão. Só que depois, ouviu um montão de minha mãe, até murchar a orelha, rsr
Um abraço.
o tempo só fortalece!!! belo conto!
ResponderExcluir♥´¨*♥.¸¸.«♥»-(¯`♥´¯)-»♥».¸¸.♥*¨`♥
( `♥.¸ Semeie flores...¸.“♥´)(¸.♥´
`♥.¸ ) colherá o perfume.¸.“♥´)(¸.´♥
( `♥.¸ Semeie o carinho...¸. ♥“´)(¸.♥´
`♥.¸ ) colherá a amizade.¸. ♥“´)(¸.♥´
( `♥.¸ Semeie sorrisos...¸.“♥´)(¸.♥´
`♥.¸ ) colherá a alegria.¸. ♥“´)(¸.♥´
( `♥.¸ Semeie a verdade...¸. ♥“´)¸.♥“´)
`♥.¸ ) colherá a confiança.(¸. ♥´¸.♥“´)
( `♥.¸ Semeie a vida...¸.“♥´)´¸♥.“´)
`♥.¸ ) colherá milagres. ♥“´)´¸.♥“´)
( `♥.¸ Semeie a fé...¸. ♥“´)(¸.♥´
`♥.¸ ) colherá a certeza.¸.“♥´)(¸♥´
( `♥.¸ Semeie o amor...¸. ♥“´)(¸.♥´
`.♥¸ ) Colherá a felicidade!¸. ♥“´)(¸.♥´
♥´¨*♥.¸¸.«♥»-(¯`♥´¯)-»♥»..¸¸.♥*¨`♥
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Deus te abençõe !!
Toninho,um excelente conto mostrando que o tempo muda,mas os poderosos sempre dão um jeitinho de burlar as regras!Bjs e boa quinta!
ResponderExcluirToninho,
ResponderExcluirontem vim duas vezes, ou mais não sei ao certo e não consegui deixar meu comentário. Mas a culpa era de minha net amigo.
João da ponte me comoveu. Ele apenas cumpria sua tarefa, mas como o menor não leva vantagem diante do grande, ele foi injustiçado né? Pena!
Toninho, você escreve maravilhosamente. E sabe? Teus textos sempre é emocionante de ler.
Beijão amigo
Ótimo conto!
ResponderExcluirBjs.
Fez-se João da Ponte, fiel escudeiro do padre. Seguiu as regras dos bons costumes, cuidou do recato á missa, mas infelizmente esbarrou na antiga e conhecida mancha social:o abuso de poder.Daí, aqueles que lhe roubaram a função, tbém mancharam o lugar de oração.
ResponderExcluirAssim como era antes, o é agora.Lamentável situação.
Belo conto, amigo Toninho.Parabéns.
Bjos,
Calu
É e o poder fala mais alto. Nem precisava tanto fuzuê. Apenas cumpria o seu dever. Pobre João.
ResponderExcluirToninho um conto de muito encanto como os que você sempre escreve.
Um grande abraço.