segunda-feira, 27 de agosto de 2012

No limite da lucidez e loucura







Policarpo (56) é um cidadão comum bem educado e calmo. Habilidoso encanador e presta pequenos serviços de outras áreas no condomínio, sempre com preços abaixo das empresas prestadoras. Todos gostam de Policarpo, pois ele sempre socorre as pessoas, daqueles chatos problemas domésticos de fim de semana. Atua sempre com bom humor, diz que seu nome é trabalho, por isso mesmo não rejeita chamadas. 

Mora na comunidade próxima com sua pequena família constituída da esposa e um casal de filhos alunos da escola publica. Algumas vezes seu filho (nas constantes greves do ensino publico) o acompanha para já aprender o oficio e não ficar pelas ruas da comunidade, aprendendo o que não presta. Quando isto acontece, as pessoas sempre acariciam o menino com alguma coisa como brinquedo, roupas usadas. Assim é a vida do prestativo, simples e educado senhor. Por isso mesmo alguns o chama de marido de aluguel, mas não gosta dessa brincadeira. 

Numa manhã o Policarpo sentiu tontura no trabalho, assustada a dona do imóvel, ofereceu para leva-lo ao posto medico, ele disse que não era nada. Mas ela não concordou e logo pegou a chave do carro e a sacola de ferramentas dele e seguiram para o posto medico. Lá ela se assustou com o numero de pessoas doentes aguardando atendimento. Foi à recepção, recebeu a senha 28 e viu que estava na numero 05. Sentiu um vazio e tristeza daquela situação. Constantemente ela olhava para o relógio e o placar de senhas inerte. As pessoas reclamavam da morosidade e falta de conforto. O celular tocou e ela saiu ligeiramente da sala. Voltou preocupada e falou para Policarpo, que tinha de ir, pois o filho não teria a ultima aula na escolinha. Ele agradeceu, falou que estava bem para aguardar. Ela olhou pela ultima vez o inerte placar na senha 23. 

As horas passam e a senha 27 às 12 horas é chamada, alivio para Policarpo, que sentia fome, pois tinha saído cedo sem alimentação costumeira. Após alguns minutos a porta se abriu. O coração de Policarpo dá pulos de alivio, seria o próximo. Pega a sacola e prepara para ser chamado. Neste instante uma voz no sistema de comunicação, avisa que o restante das senhas seria atendido após as 14 horas, pois o medico sairia para almoçar. Todos ficaram de bocas abertas com cara de indignação geral. O sangue subiu à cabeça de Policarpo, que num ímpeto de fúria, abriu a sacola e com um martelo, distribuiu martelada pela sala, quebrando paredes, mesas, bebedouro e placar monitor. O homem virou bicho diziam as pessoas correndo. Médicos e enfermeiras fugiram pelos fundos pedindo socorro aos seguranças, que entraram e imobilizaram Policarpo que gritava exigindo respeito dos médicos, que deveriam cumprir horário de chegada e atender melhor o povo pobre. Algemado ele foi jogado numa viatura e levado para a delegacia próxima.

Mais tarde, a senhora ligou para saber da consulta, mas o celular de Policarpo não atendia como fora de área ou desligado. Tentou mais vezes e sem sucesso, dirigiu-se ao posto. Quando chegou se assustou com a quebradeira, no que foi informada da reação súbita do senhor da senha 28. Sem acreditar, ela ratificou a calma e a educação do Policarpo. Então um segurança lhe informou, que ele estava na delegacia do bairro, para se acalmar. Ela sentiu uma pontada no peito. Triste dirigiu-se para o carro, sentou, respirou e ligou para o marido que é advogado e seguiu apressada para a delegacia.

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Apenas um exercicio, mas fatos acontecem frequentemente, porque é real a situação da saude publica e às vezes até na particular(privada).
Cabe policiar nossas emoções nestas situações constrangedoras.
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Uma linda semana para todos.

25 comentários:

  1. Meu querido amigo, apenas lhe digo que esta verdadeira história aqui publicada, é linda, triste e revoltante.
    Infeliz de quem é pobre que não pode ser socorrido como são os ricos, o meu marido esteve com um problema de um rim parado sem saberem o que se tratava internaram-no esteve uma semana mandaram-no para casa sem medicação nenhuma, dois dias a seguir chamei o INEM que ele já delirava com a febre nem soube quem o levou ao hospital, já não me conhecia, esteve desde as 14h até o dia seguinte ás 9 da manhã sem lhe fazerem nada, quando o foram ver virão que era grave então foi logo algaliado e descobriram que o rim parado era derivado a um tumor na próstata ficou lá 15 dias, algaliado mandaram-no para casa e anda assim há 6 meses está em lista de espera para ser operado e passam os dias e nada de ser chamado.
    É mesmo assim meu querido pobre não tem direitos só tem descontos qualquer dia até pagamos o ar que respiramos, me desculpa o tamanho deste comentário, vinha deixar um beijinho e deixei um testamento de letras...
    Boa semana.

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  2. Olá, Toninho
    Infelizmente está um caos a saúde pública e devemos denunciar sim...
    Felizes os que possuímos o Plano de Saúde!!!
    Vi o sofrimento na pele quando tive que ficar com um tio que não o tinha... é triste demais... só quem vai numa emergência de um Hospital público sabe do que vc fala...
    Por outra ordem de coisas:
    Tem festa no Blog pra VC...
    Deus te cubra de bênçãos e te faça feliz!!!
    Abraços fraternos e festivos de paz

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  3. Vou ser bem sincera e isso não é conformismo, não!!! Acho que quando temos que passar por determinadas coisas na vida passamos com ou sem plano de saúde. Tudo é muito complexo e vai além dos limites da nossa compreensão. O que temos que passar ninguém pode passar por nós... Estamos aqui para expiar e sendo assim evoluir nossa alma. O paraíso não é deste lugar, meu amigo. Temos sim, que ter é muita compaixão, piedade e pena dos governantes que passam por cima dos menos favorecidos como tratores.
    Gosto destes teus causos verdadeiros.
    Abraços

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  4. OI Toninho
    Um conto real que prende nossa atenção até o fim e nos deixa estupefatos diante da insensibilidade do poder público ,dos médicos , sei lá mais de quem! e quanto ao Policarpo ? pessoas assim calmas ,dóceis guardam muitos sentimentos e quando explodem acontece isso.
    Melhor irmos devagarinho soltando os 'cachorros' pra nao te-los que soltá-los todos de uma vez! rsrs
    de verdade Toninho sinto pelo acontecido e precisamos de muita calma pra nao perdermos a razão em muitas situações.
    Que os policarpos sejam mais respeitados, é o mínimo que exigimos.
    um abraço grande

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  5. É Toninho, um conto bem mais real do que podemos imaginar. Com certeza o limiar que separa lucidez e loucura em dados momentos pode ser extremamente sutil. O povo demora pra se rebelar, mas as vezes, cai a ultima gota e transborda, perder-se a paciência com tanto descaso.
    Muitas vezes as pessoas vão guardando, engolindo "sapos" na vida sem nunca reclamarem e de uma hora pra outra, explodem.
    Boa semana, beijos,
    Valéria

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  6. Essa é a realidade que seu conto bem retrata. Hoje, em conversa, eu dizia que precisamos sair do prumo e reivindicar nossos direitos, pois o abuso com o povo está sendo ilimitado.
    bjs

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  7. Todos os dias repetidamente,Policarpos agonizam...
    e ainda morrem na contra-mão atrapalhando o público,como bem disse Chico
    bjs Toninho

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  8. Isso acontece, é triste e o desrespeito é humilhante.Isso é abuso! A reação dele logo, se o advogado for bom, será argumentada. Fatos reais assim aos montes. Fora planos de saúde que se arvoram no direito de negar até radioterapias especializadas `portadores de CA. Incrível.Esse tema me deixa INDIGNADA e FURIBUNDA!!! abração,chica

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  9. Infelizmente essa é a realidade da saúde no BR, a pública e a privada, que um dia foi boa.
    Beijos e boa noite!

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  10. Um Lindo Dia-Toninho,coisas para pensar,um problema no Brasil,o caso da saúde,e os governamentais tratam dele com tanto descaso,acaba acarretando animosidade com os usuários.Parabéns pela matéria.Bjus\Flor*

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  11. Caro Toninho
    Aquele ditado"Ninguém tem sangue de barata" se aplicou bem aqui.Depois de tudo o que passou atitudes como os de Policarpo era de se imaginar.
    Embora abomine o quebra-quebra,foge do controle do povo o constante descaso de péssimos atendimentos que assolam o país nos hospitais.
    Que Brasil é este? Veio na memória a canção.

    Mais um grito difícil de se conter.

    Fui ao espaço da Anne e gostei muito de te conhecer um pouco mais. Parabéns pela pessoa que é.

    Um grande abraço.
    Uma linda semana cheia de inspiração.

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  12. OI AMIGO, TUDO DE BOM PARA VC . O DESESPERO SEM SABER O QUE FAZER, LEVA CRIATURAS A CRIAR SITUAÇÕES COMO ESTAS. AQUÍ TEM MUITAS UPAS E MESMO INSS QUE MUITOS MÉDICOS JA FORAM AGREDI-DOS CANSADOS DO DESCASO DE MUITOS, CAUSANDO SOFRIMENTOS QUE OS DEIXA FORA DE SI, AS VEZES ATÉ A MORTE DO FILHINHO DELES, COMO FOI O CASO QUE ACONTECEU AQUI . ABRAÇOS CELINA,

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  13. Mineirinho

    Confesso que entendo e nem recrimino essas atitudes de descontrole. Quem já esteve em pronto socorro durante muito tempo pode avaliar a angústia que sentimos por não ver um ente querido ser prontamente atendido. E nem estou me referindo a postos de saúde, mas a hospitais conveniados. Percebo, ainda, o despreparo dos médicos para um diagnóstico. Esse campo da saúde me aflige, em todos os sentidos. Bjs.

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  14. Nosso Brasil é assim
    um lugar feito ao sol
    onde as mais pequenas flores
    a do serrado
    são vistas com bons olhos
    sendo dignas de decoração.

    Por isto eis que somos
    subestimados, iludidos levados
    a brinquedo, quando calados
    suportamos tudo.
    As vezes é preciso ser louco,
    quando a dor aperta sabemos
    não ser pouco.
    Bom senso? sim, temos que te-lo,
    mas se não houver uma reação, pouco
    se colherá a ação que se espera
    de quem dependemos tanto pela nossa
    saúde, atendimento e consideração.


    Texto maravilhoso e há que
    ser bem entendido que o limite
    é de todos, um tempo e outro
    uma hora vai a pico...

    Obrigado Toninho pela sua
    presença em meu recanto.

    Linda semana

    Livinha

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  15. Toninho,de fato o atendimento nos hospitais deixam muito a desejar e tenho uma amiga que agiu da mesma forma que seu personagem,acredita?Com o guarda chuva!Quebrou tudo!Deram a ela uma licenca no trabalho!bjs e boa semana!

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  16. Caro Toninho,

    Concordo com a atitude do nosso amigo, perante o desrespeito de que foi vítima...e compartilho da indignação dele e de todos os brasileiros maltratados e espoliados em seus direitos.

    Bjssssss,
    Leninha

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  17. Oi Toninho, boa noite
    É absurda e ao mesmo tempo revoltante a situação descrita no seu conto, aliás, com muita propriedade.
    Sou totalmente contra violência, acho que não resolve nada, Policarpo foi preso, ficou sem atendimento médico, vai responder a um processo por danos materiais e com a saúde fragilizada.
    É muito triste.
    Grande abraço.

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  18. Triste de ler-te hoje, amigo Toninho...
    Mas sabe que a saúde não está assim só nas redes públicas. Quem paga assist. médica particular também tem reclamado muito. E vc me fez lembrar de uma passagem com minha filha, de 20 anos hoje, mas que na época era bebê. Estava quase morrendo, inerte nos meus braços e a levei para o Hosp. mais perto. Depois de muito esperar, eu aos prantos, um médico veio, olhou minha filha e disse que não podia fazer nada, que ela tinha que ser internada, mas o hospital estava lotado. Eu lhe disse: "milha filha está morrendo". E ele: "Eu não posso fazer nada,se morrer, enterra". Eu tive a mesma reação que esse seu personagem, só não sai quebrando, mas sai gritando pelo hospital inteiro. Todos se comoveram e se reuniram ao meu redor, gritando no hospital. Foi muito bonito, me ajudaram, e a direção do hospital apareceu. Sabe o que aconteceu? me levaram para um outro andar do hospital, novinho, todo equipado com os mais modernos aparelhos, quartos todos vazios, mas que eram reservados para quem "pagasse" particular...
    Convênios não tinham direito...

    Minha filha teria morrido, se não fosse a minha "louca" reação...

    Isto há 20 anos... imaginou hoje, que impera mais ainda o poder do money?

    Linda a sua crônica, e mais uma vez, o seu lado humanitário nos emociona...
    Beijos tristes, amigo querido... (acho que por lembrar-me da história e saber que muitos ainda passam pelo que passei)...

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  19. Meu amigo, trabalhei na recepção de um PS, nem sabe em cada situação me encontrei, em três meses minha pressão arterial que era baixa demais, passou a ser alta, nunca mais voltou ao normal, é realmente muito triste, muito pouco caso, salvo algumas exceções que realmente existem, a maioria dos médicos não levam a sério os pacientes que procuram pronto socorro, só se estiver morrendo mesmo, é e nada muda, excelente conto, beijos Luconi

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    Dr. Brad Hilaman.

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