“Manhã no farol”
Original pintado
com o pé por Lucas Luciano Silva
Linda Mira era mulher de pele
reluzente, que passa no fim do dia, causando o frisson pelas areias brancas de Itapuã.¹ Há uma inquietação ao vê-la
naquele biquíni verde limão num lindo contraste com a pele negra de ébano.
Estranho que ela desaparece quando passa pelo farol e somente é vista quando o
primeiro raio de sol se apresenta.
Era a tentação nas manhãs da praia do
Farol. Era filha de Cira, mãe de santo da região, que vestida de branco,
dançava pela areia num ritual de proteção ao seu companheiro pescador. Dormia
sobre as pedras negras, que emitiam um som, mais parecido com um ronco.
Juca Mulato velho pescador conta, que
Mira nasceu numa noite chuvosa, quando Cira esperava retorno do seu
companheiro. O farol iluminou o barco vazio. Cira desesperada se jogou no mar,
foi resgatada por uma sereia dourada, que empurr0u o barco sem peixes até as
pedras, mas havia uma menina enrolada numa camisa quadriculada.
Espanto geral dos pescadores ao verem a
camisa do pescador.
Toninho
23/03/2023
Nota:
Itapuã: significa Pedra que ronca – do tupi-guarani (ita– pedra, puã– Ronco). Nome de uma praia em Salvador na Bahia.
Grato pela visita.