quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O menino de pó.





Mineiro feito de ferro das ricas minas das Gerais, onde menino viveu e cresceu sobre pedras e elas sempre inspiram a cantar a minha cidade com todas suas grandezas e pobrezas. As pedras que por lá brilham, estão presentes nas casas, nas pessoas e nas ruas, nas igrejas. A cidade cercada de serras, sitiada pelas explosões, que todos os dias nos fascinavam e modificavam nossa cidade. Era lindo ver o pó que subia de forma reluzente em cada manhã desta cidade que brilha.

Todos os dias pela manhã, próximo das 10 horas, o menino subia a serrinha em frente a sua casa, de lá sentia o ronco das explosões, sentia a terra tremer como dias de trovão. Era lindo ver aquele pó brilhante, espalhando pela cidade que assistia a mais severa degradação, mas menino nada entende destas coisas. Só mais tarde percebera com olhos tristes, que aquele pico que tanto admirava, a cada explosão desaparecia naqueles enormes vagões, que todo dia, seguiam em direção ao mar de Vitoria, que o menino sempre sonhava um dia conhecer antes de morrer.

Ainda hoje, quando o sol se faz presente em toda sua hegemonia lá em Itabira, as ruas ficam brilhantes, as pessoas brilham como se estivessem com purpurinas. Agora distante no tempo e do lugar, ainda ouço as explosões, que fizeram festa na minha infância, mas uma lagrima teimosa, resto de uma lembrança, vem inundar meus sonhos umedecendo esta pedra, que ficou dentro do meu coração, como se fosse uma jazida do minério manganês.

Do alto da mesma serra menino contava vagões com as pontas dos dedos, mas às vezes se perdia na contagem, mas sabia que eram mais de cem e nessa sintonia rotineira em cada dia ouvia ao longe o apito do trem que se desaparecia na ultima curva depois da estação, deixando para trás um rastro de fumaça esbranquiçada, que se perdia no imenso céu azul. Quando então o menino, de pés descalços, descia correndo pela serra para contar as novidades.

E lá vai o trem com seus vagões, apitando e serpenteando pelas serras, levando sempre uma parte de minhas lembranças, que em pó se fizeram na distancia. 
Mas ainda brilha em mim.


Toninho.
20/02/2012.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

As mascaras.





Imagem Google









As mascaras.

 Ocultou a face, perdeu a censura.
folião com desejos tão reprimidos,
apenas nos olhos a difusa amargura,
amores esquecidos de sonhos perdidos.

Embalado pelas danças sensuais,
pernas vacilantes, agora fugidio,
ele baila pelas lembranças bestiais,
na fugacidade tropeça no vazio.

A mascara escondeu a verdade,
deste infeliz folião no carnaval,
aos olhos dispersos da sociedade.

Veio a quarta-feira com crueldade.
Desceu o plúmbeo pano tão brutal,
desmascara-se fria toda fatuidade.

Toninho.
16/02/2012

"Custei a compreender que a fantasia
É um troço que o cara tira no carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida.” 

Aldir Blanc e João Bosco

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Desejo a todos amigos um Feliz Carnaval
que brinquem na paz e os que não brincam
tenham dias de paz e muita poesia.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pela felicidade da gente.







Imagem Google




Pela felicidade total.

Subo neste palco com minh’alma em festa,
meu corpo sutilmente na leveza se levita,
liberto como as borboletas pela floresta,
neste instante da felicidade da conquista.

Com meu peito pleno na alegria estanque,
Salta-me da boca um discurso eloquente,
Como se o palco convertera em palanque,
impregnado da felicidade de toda gente.

Harmoniosa cantoria de mãos dadas,
um lindo hino a falar da sobrevivência,
de uma felicidade de raízes encravadas,
em solo fértil de nossa livre existência.

Vejo este palco como o Olimpo encantado.
Da plateia insurgente o grito de liberdade,
que a cidade uníssona entoa um brado,
pois o que se quer, é apenas a felicidade.

Não há maquinista para fechar o pano.
Sob meus pés ninguém a abrir o alçapão,
Pois em cada ato se ata em único plano,
Como na Roda Viva inspirou a canção.

Toninho.
13/02/2012
Toninho.
13/02/2012

A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro. Platão


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Greve da policia.




Imagem Google.






Quando a policia não policia a cidade vive o caos onde bandidos comandam verdadeira festa, vi com ironia que eles se misturam em espalhar o terror ao povo que enjaulado e encurralado nas ruas e becos viveram momentos de angustia e tensão. É sabido que, quem faz greve, luta por melhor salário e melhores condições de trabalho, o que me parece justo,quando o patrão não reconhece e ou esquece, desta relação salutar. É sabido que estes políticos governantes desacreditados vivem de promessas eleitoreiras e assim às vezes o tiro é dispara no pé como é o caso da Bahia, então a relação apodrece e a greve acontece e o povo é quem padece.

Porem, quando vejo pessoas com armas parando ônibus e os atravessando nas pistas impedindo a população de chegar ao destino, é movido por uma indignação infinita, que questiono quem são os bandidos nesta relação. Pensava que Gonzaguinha estava exagerando quando em uma de suas musicas, ele dizia que não sabia quem era a policia ou o ladrão, nesta greve pode o Brasil constatar a lucidez de Gonzaguinha. E o pior, que este filme já o assistimos em 2001.

Depois de verdadeira carnificina com corpos espalhados pela cidade diante de uma população triste e se sentindo otária, pois paga religiosamente seus impostos ainda que seja sabido dos desvios destes. Esta população viu pelas ruas desfiles de carros com soldados da Força Nacional como se estivesse num processo de guerra urbana, mas nem isso lhe restituiu a crença na segurança.

 Nos discursos dos responsáveis apenas se ouvia, que o carnaval estaria garantido como se o povo apenas pensasse na festa, pregavam que a segurança estava garantida, mas o que se via nos bairros mais pobres eram corpos desovados diante do silencio que se impera nestas comunidades.

O que o cidadão não entende é como a policia pode fazer greve com as mesmas armas que nos faziam sentir protegidos, agora são elas mesmas que nos afrontam como se fossemos os julgados e condenados ao terror. Que a policia de volta a sua árdua e nobre missão, possa refletir sobre o movimento com todas suas consequências, inclusive analisar os interesses escusos que se escondem por trás da pauta que se aprovam aos lideres, que falarão em seus nomes sob pena de levar justa luta ao fracasso e a uma fatal desmoralização da corporação. Uma policia militar tão elogiada como a da Bahia não pode estar a serviço de pessoas com objetivos estranhos e escusos. Salvem a Policia que policia e nos tranquiliza.

Toninho.
11/02/2012.

Observação: A musica de Gonzaguinha é "A cidade contra o crime."

Eu faço parte desse medo coletivo
já não sai nem se confio na polícia ou no ladrão
(A barra não tá mole não, ladrão já tem que andar
Com plaqueta de identificação
a dita anda dura mesmo com a abertura) (Gonzaguinha)