Mariama.
1“O sorriso dela brincava na
face tosca das mulheres dos colonos, escorria pelo verniz dos móveis,
desprendia-se das paredes alvas do casarão”. Tudo em sua volta cheirava um
pouco de alecrim do mato com alfazema, perto dela as coisas adquiriam um
colorido fascinante e poder-se-ia, sentir o frescor da gruta, onde nascia a
água pura e cristalina, que seguia sinuosamente por varas abertas de bambu até a
porta da cozinha da casa. Sua voz suave e terna fazia lembrar cantigas para
ninar crianças. Vinha dela um magnetismo, que nos envolvia e seduzia.
Assim era Mariama, uma linda
mulher que morava naquele casarão branco avarandado de dois pavimentos, que se destacava
naquela estrada poeirenta, que se ligava a estrada férrea para a capital. Poder-se-ia
ver uma longa escada de madeira, que terminava no fim da varanda, em seu
corremão pendentes vasos a enfeita-lo, todos com suas flores silvestres que inspiravam
uma tela de pintor com a figura de Mariama debruçada na varanda, com sua longa
cabeleira caída sobre os ombros que balançava com o vento de Maio, tudo aquilo
nos envolvia com graça e emoção.
Com sua voz inimitável estava sempre a
cantarolar canções românticas, que falavam de amores perdidos e desilusões
amorosas, o que contradizia com seu semblante leve e alegre com aqueles olhos
negros e brilhantes como as estrelas naquele lugar de noites estreladas. Sabedora da admiração ela sempre esboçava um
sorriso provocante aos passantes daquela estrada. Mariama era a figura fugida
de uma tela de pintor renascentista.
Hoje quem passa pelo casarão
ainda se vê uma fumaça se perdendo no Céu. A escada sem flores, apenas uns gatos espreguiçadores. Sem Mariama uma varanda desbotada e sem vida. Por certo não mais verá Mariama, que numa manhã, de
posse de duas malas, colocou seus delicados pés na estrada poeirenta e num trem
de ferro foi morar na capital, sequer lançou um olhar para trás, para que nada
lhe fizesse recordar os olhares apaixonados, que por ali ficaram perdidos e
fixos naquela parada de trem.
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1-Citação de Murilo Rubião em a Flor de
vidro.
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Proposta era criar um personagem baseado na citação do
Rubião.
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De Sueli Aduan.
Toninho
10/05/2012
Nossa Toninho que lindo!
ResponderExcluirNa suavidade da escrita, que brota tão delicada e bela, o poeta tece uma obra maravilhosa, a poesia.
Beijão e bom dia querido
Puxa, Toninho! Que lindo isso!Criaste uma personagem maravilhosa e desenvolveste muito bem. Adorei ver a Mariama...Mulher que tanto amou e não foi amada...abração,chica e lindo fds!
ResponderExcluirEmocionante quadro escrito e cheio de saudades.
ResponderExcluirabraços
Bom dia amigo Toninhobira, lí o tu conto gostei muito, como não poderia deixar de ser, tem o teu toque romãntico poético, A beleza natural de tua cidadezinha, a emoldurar. Mariama a mulher bonita de cabelos soltos ao vento , partindo para a cidade grande. Quem sabe em busca de um amor. Abraços Celina
ResponderExcluirOi, amigo
ResponderExcluirfaz tanto tempo, né?
Adorei seu lado prosista, me encantei tmb por Mariama
beijos
Fiquei encantanda com a personagem...adorei!!
ResponderExcluirVocê faz magia com as palavras!!
Tenha uma sexta-feira abençoada!!
Beijinhos!♥
olá, Poeta de Minas
ResponderExcluirA Mariana é realmente indescritivel. Obrigado por ter comentado no meu blog.
Um abraço, paz e bem
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOla meu amigo Toninho,
ResponderExcluirQue linda essa Mariama.
Versos cheios de saudades e magias.
Beijos amigo!
Ótimo fim de semana!
Romantica, bela, cativando olhares, mas partiu em busca do que lhe faltava.
ResponderExcluirBela poesia na forma de conto.
Um conto emocionante...
ResponderExcluirVai ver Mariama sorria justamente para contradizer a sina triste que o destino lhe impunha... Vai ver ela ainda sonhava que a vida poderia ser bela...
Aplausos meu amigo! Você se supera a cada dia...
Carinhos...
Beijos de flor.
Belo conto que vira poesia lirica no final. Marianna era uma amante do amor. À rigor.
ResponderExcluirTe desejo uma ótima sexta-feira, um ótimo final de semana.
Forte abraço.
Tati.
http://tatian-esalles.blogspot.com.br/
Att.
Olá Toninho, Mariana saída da tela de um pintor renascentista, lindo demais, doce sensível porém decidida e determinada, Gostei muito da Mariana! Abraços
ResponderExcluirNarrativa poética escrita como quem pinta um quadro, a medida que vamos lendo vai se descortinando toda a beleza,
ResponderExcluirmuito bom, Toninho!
Fique com Deus!Bjs.
°♪¸.♫♫♪
ResponderExcluirOlá, amigo!
Adoro tudo que leio no seu blog.
Eu gostaria de saber escrever também...
Bom fim de semana!
Beijinhos.
Minas
❤♪¸.•°`♡
Apesar de toda doce e florida moldura que a engalanava, Mariama não se contentava de ser apenas imagem fugida. Tomou dos pincéis e traçou longa estrada, sumiu-se nela para viver a vida.
ResponderExcluirDelicioso conjunto este, de cena, conto e personagem, amigo Toninho.
Bjos,
Calu
Amei a descrição da personagem que criaste! Beijos!
ResponderExcluirMuito nostálgico e contagiante!!
ResponderExcluirLindo Toninho!!
Beijos e boa semana!!
Você descreveu, com beleza, uma daquelas imagens especiais que costumamos ver por algum tempo e que, repentinamente, desaparecem. Saída de sonhos ou mesmo da realidade passageira, ora distante.
ResponderExcluirBjs.
Mas ficou lindo Toninho.
ResponderExcluirSó você para escrever este texto com tal magnitude de um grande poema.
Um carinhoso abraço.